A nova lei de cotas para quadrinhos

[quiof]

Um debate tem agitado a comunidade quadrinística nas últimas semanas: o projeto de lei que determina cotas de publicação para quadrinhos brasileiros e acena com incentivos fiscais (leia a íntegra no final desta postagem).

O tema é antigo, mas foi reavivado pelo desenhista Rafael Grampá no início de novembro por meio do Twitter e ganhou repercussão num artigo publicado no blog do Universo HQ.

Na semana passada, o novo relator do projeto de lei 6.060/2009 esteve em São Paulo para discuti-lo com representantes de artistas e editoras. Uma nota sobre a situação atual do projeto no Blog dos Quadrinhos, do jornalista Paulo Ramos, evidenciou que o assunto divide os próprios profissionais do ramo.

Papo de Quadrinho consultou autores, editores e jornalistas que cobrem quadrinhos para saber o que pensam das novas regras. As opiniões foram divididas em “Contra”, “A Favor” e “Em termos”.

Caso algum profissional não tenha recebido o convite para participar – por esquecimento ou ignorância deste editor – pedimos a gentileza de mandar seu depoimento para o e-mail [e-mail].

Os leitores sintam-se à vontade para emitir sua opinião na área de comentários do blog. E fique de olho, pois à medida que novos depoimentos chegarem, este post será atualizado.

revistaogrito.com/papodequadrinho/2011/12/16/a-nova-lei-dos-quadrinhos-na-opiniao-dos-profissionais/

[Bia-chan]

eu acho meio absurdo.... que nem cotas na universidade..... o governo tenta dar uma resposta rapida para um problema sem resolvê-lo de verdade.

vou entrar no blog para tentar deixar um depoimento mais bem trabalhado e deposi posto ele aqui tbm^^

[Anselmo]

Eu sou contra, isso é mais uma lei tapa- buraco criada pelo governo para fingir que resolveu o problema.

O que acontece é que o próprio povo brasileiro não tem preferência pelo que faz, prefere o produto gringo, provavelmente só por que tem uma ou duas palavras em estrangeiro na embalagem.

[yumi moony]

Bom, eu já comentei quando saiu esse projeto pra lei de cotas, e basicamente é isso mesmo, tentam tapar com o buraco a sujeira por debaixo do tapete u_u
(por isso tb sou contra as cotas na universidade, só ajuda a PIORAR a situação...o problema é bem mais no fundo)

Se é pra incentivar a produção de quadrinhos, porque as grandes editoras nacionais não lançam concursos (como faz a Norma, na Espanha, só para citar um caso), ou abrem o espaço pra produção de HQs nacionais de qualidade? Eu raramente vejo isso, tem a abril com o tal concurso de personagem mas eh pouco se for considerar o tanto de editoras que temos aqui.

E pelamor....não só isso também, teria que mudar muita coisa nesse cenário de quadrinhos, como o compromisso dos editores de publicar o material, fazer uma avaliação critica e ter gente que ENTENDA do assunto, fazer uma divulgação ampla, senão vai ser mais um volume pegando poeira na livraria e bancas. E convencer o leitor de que material nacional é bom e vale dar uma olhada, uma investida nele.

Se for parar pra analisar, tem muito problema envolvido e não é só uma medida do governo que vai ajudar a melhorar as coisas...tem que levar em consideração muitos outros fatores.

[Lipe]

O povo n prefere o produto gringo por ter 2 ou 3 palavras em estrangeiro!
O povo compra porque existe um mercado fora que ta suprimindo o leitores daqui.
O mercado de quadrinhos aqui n é a dos melhores, n tem tanto artistas/escritores atuando nessa area, n existe uma GRANDE editora e os poucos que existem tem um material de qualidade um pouco duvidosa, logo o que vende é o de fora...

Lembrando tbm que os "poucos" brasileiros que poderia fornecer um material de qualidade acaba indo trabalhar pra o povo de fora justamente porque eles oferecem mais $$, fora o reconhecimento que ele vai ter!

[JoeDeLima]

Minha opinião sobre esse assunto:

Vou dizer uma coisa pra vocês: eu sou totalmente contrário à criação dessa lei.

Me parece que aqueles que são a favor dessa política acreditam que com isso veremos editoras como a Panini e a JBC publicando mangás e comics nacionais com a mesma qualidade que dedicam a seu material importado, bancas cheias de bons títulos brasileiros e leitores ávidos para consumir as HQs tupiniquins. É claro que seria ótimo termos um cenário assim, porém eu penso que essa lei não é a forma de alcançar isso.

Citei a Panini acima, mas é possível que toda essa discussão não afete essa editora. Mesmo sem os números exatos, acredito que os vários títulos da Turma da Mônica já a deixariam dentro da lei de cotas, e em último caso bastaria encomendar uma nova publicação ao pessoal da MSP.

Naturalmente, esse não é a realidade das outras editoras (lembrando que eu não falo em nome de ninguém, hein gente?!), mas vamos pensar: o mercado de quadrinhos também é uma forma de comércio, e como qualquer estabelecimento comercial as editoras precisam tomar decisões que sejam financeiramente interessantes. Uma HQ nacional pode ser comercialmente viável? Sim! Holy Avenger é um bom exemplo disso, contudo não vamos nos esquecer que os custos e os riscos de produzir uma revista são muito maiores do que importar material pronto. E se houvesse interesse comercial em correr esses riscos, isso já estaria sendo feito.

Mas pode não ser só um problema de interesse, existe outra questão: quantas editoras tem caixa suficiente para isso? Sem interesse comercial e sem caixa, haveria o risco de vermos uma enxurrada de HQs sem qualidade produzidas a baixos custos apenas para cumprir as cotas. E por qualidade não falo da história ser boa ou ruim, até porque esse é um conceito subjetivo (e gosto não se discute). Por qualidade, quero dizer material bem planejado e executado, com consistência nos roteiros, desenhos, etc; bom acabamento e impressão, além de uma distribuição eficiente.

Por tudo isso, eu não vejo a lei de cotas como a solução para se criar uma nova cultura de quadrinhos brazucas. Eu acredito que programas como o ProAC, que já financiou algumas HQs, podem ser um caminho. Outra caminho seria o de oferecer incentivos fiscais a editoras que publicarem títulos feitos por aqui (semelhante a Lei Rouanet que oferece deduções de impostos para quem investir em projeto culturais). Assim, uma HQ nacional poderia ser mais interessante do ponto de vista comercial e as editoras poderiam selecionar melhor o quê publicar.

Afinal, uma revista em quadrinhos deveria conquistar seu espaço nas bancas pela qualidade, e não por força de alguma lei.

joedelima.blogspot.com.br/2011/11/polemica-da-lei-de-cotas.html

[Mad Diana]

Eu sou a favor das cotas. Acho que sem incluir obrigatoriamente algo no mercado, o povo vai continuar sempre sob influência do estrangeiro, e não há outra solução pra isso. Os EUA só têm o mercado que têm porque os produtos deles têm prioridade. O mesmo vale para QUALQUER país desenvolvido (pesquisem). As cotas para o mercado não podem, não tem como serem comparadas a cotas universitárias.
O brasileiro só será valorizado se a população vir que está no mercado, se o brasileiro CONHECER os próprios produtos.

É uma dívida histórica que temos com nosso próprio povo: desde os primórdios, o estrangeiro era mais valorizado e o brasileiro não prestava.

Estou lendo muito mimimi de reclamação e, francamente, nenhuma solução. Além das cotas, o que vocês acham que pode ser feito? "Educar o povo brasileiro para valorizarem bla bla bla" isso não existe, ok? Estamos falando de realidade.

[moonlance]

O Joe disse algo interessante: será que isso não é um negócio para favorecer alguns poucos interessados? Quiçá os negócios do Maurício de Souza? pois reduzir a concorrência estrangeira (particularmente os mangás) seria uma boa, já que ele mesmo afirmou, numa entrevista que li, que a Turma da Mônica Jovem foi criada principalmente porque ele estava perdendo em vendas.

Por outro lado, a Mad Diana tem razão: o Brasil, enquanto nação, precisa urgentemente defender-se da concorrência desleal estrangeira (em inúmeras áreas), que nem fazem os países desenvolvidos (também em inúmeras áreas); acho que vale citar um velho exemplo básico: protecionismo dos EUA sobre produtos brasileiros, tipo a laranja.

Mas não vou opinar sobre o que se deve fazer no Brasil em relação a esse tópico de HQ; não sou especialista.

***

Já, sobre as cotas nas universidades públicas, vale ressaltar:
é evidente que foi uma medida populista; em vez do Governo investir seriamente em Educação, optou simplesmente por criar cotas; uma solução genial (e maquiavélica). De certo modo, isso até pode significar um progresso sócio-cultural no Brasil, mas sempre empurrando com a barriga!

[quiof]

na minha opinião, essa lei é assistencialista, há diversos com o quadrinho brasileiro, como o custo, distribuição e falta do interesse pela leitura, fora que querem empurrar temas brasileiros (‎"Na seleção dos projetos, será dada preferência àqueles de temática relacionada com a cultura brasileira."), veja o que pode acontecer com o Tooncast:http://www.anmtv.xpg.com.br/tooncast-pode-ser-extinto-das-operadoras-no-brasil/