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Post by Ari-chan on Feb 3, 2012 10:18:26 GMT -5
Uma pequena nem tão pequena assim. xD Comecei a escrever no ano retrazado, durante as aulas do 3º ano, sem nenhum objetivo específico.
É história de colegial ambientada no Japão. Não fiz muita pesquisa nem coisas do tipo, então devem ter algumas coisas erradas, mas espero que não liguem muito pra isso. xD
E só esclarecendo, ela é contada por duas pessoas diferentes! (já teve gente que me perguntou se a menina era lésbica LOL) Aproveitando o espaço do fórum, parte 1 e 2. =3 ------------------
Urf, urf, urf, urf. - Acho que...Finalmente cheguei... Olhei pela primeira vez para aquele prédio imenso, cinza claro com grandes janelas de parapeito preto. Via os vários corredores, que o faziam parecer mais um labirinto, e as pessoas que andavam por eles sem se importar com quão grandes eles eram. Aquele prédio se erguia na minha frente, imponente, fazendo com que eu me sentisse uma formiga (sempre fui muito baixinha, para quem não sabe). Caminhei para dentro daquele prédio sentindo os olhares curiosos das pessoas que também chegavam atrasadas como eu e me dirigi à sala que haviam me orientado no dia anterior. Conversei com um homem um pouco mais idoso e com uma fala lenta, calma, e ele me guiou para a sala após a conversa. - Está será sua sala a partir de agora. Tratem-na bem. Aproximadamente trinta cabeças estavam viradas na minha direção, reparando em cada detalhe meu. Senti meu rosto corar e odiei isso, como sempre. Então falei com todo o meu sotaque inglês: - Muito prazer. Me chamo Lilith Ruphan. Espero que me tratem bem. – e me curvei, como é feito normalmente no Japão. Ainda sentia olhares curiosos sobre mim enquanto caminhava e me sentava no fundo da sala, em uma das duas únicas cadeiras que estavam vazias. A aula começou, com aquele mesmo senhor com quem conversei, mas os olhares não pararam.
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Fiquei totalmente sem reação quando vi aquele anjo entrando na sala, mudando totalmente a atmosfera entediante do lugar. Aqueles olhos azuis como o céu olhavam para todos com certo medo de serem rejeitados, e aqueles cabelos amarelos reluzentes como o ouro ofuscavam qualquer outra coisa do lugar. Quando ela se apresentou, sua voz doce e melodiosa me encantou como o canto de uma sereia, e seu nome foi para mim a coisa mais perfeita que eu poderia ter ouvido em um dia como aquele, ainda mais sendo pronunciado por aquela encantadora voz. E ela passou ao meu lado enquanto caminhava rumo ao seu acento e eu pude sentir o perfume de rosas me embebedando e me fazendo flutuar. Não me lembro de mais nada a não ser observá-la, com a cabeça encostada na mesa até me baterem com algo bem sobre o meu ouvido.
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A aula só foi interrompida uma vez pelo professor, para colocar um menino que estava dormindo para fora de sala. Ele parecia tão distraído que nem conseguia responder direito ao professor. Era aquele tipo rebelde, que se vestia de forma largada e parecia não ligar muito para os outros. Apesar disso, era bonitinho. Depois disso, correu tudo normal. Ao final da aula, algumas meninas vieram conversar comigo, perguntando o mesmo de sempre: “De onde você veio?”, “Por que veio para cá?”, “Como é a Inglaterra?”, e coisas do tipo. Sempre respondia tudo, afinal, já tinha essas respostas praticamente decoradas de tanto me mudar, mas algo me chamou a atenção. Não só de mim, como delas também. O menino voltava para a sala, rindo com os amigos. - O que deu em você hoje, Iku? - Só estava distraído. – ele riu um pouco. Tinha uma voz bonita. - Seeeeei, pensando naquela atriz de novo, né! – seu colega lhe deu um soquinho no braço. - Não, claro que não! – e ele revidou. As meninas que estavam comigo vão falar com ele, me pedindo licença. - Ichinose-kun, vai ficar tudo bem? – uma delas perguntou. - Mas é claro! Por que não ficaria? – ele deu um sorriso de olhos fechados e, quando abriu, estava olhando para mim. Ele deu outro sorriso enquanto olhava para mim e caminhou na minha direção.
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Ahg, aquele velhote! Não precisava ter me batido daquela maneira. Meu ouvido ficou parecendo entupido por muito tempo depois daquilo. No fim da aula ele conversou comigo e disse o que eu já sabia e já havia ouvido muito quando era mais novo. Nem liguei muito. Entrei de novo na sala com aqueles garotos me sacaneando. Ia entrar no jogo, mas vi os olhos azuis do anjo ficados em mim. Sorri e caminhei até ela. - Olá, moça imigrante. – nome... Como era mesmo? – Está gostando daqui? - Sim. Ainda há muitas cosas para... Opa! Coisas para me acostumar... Como foi que ela disse? - HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! – idiota! Por que riu?! Não vi direito, já que estava rindo, mas vi que ela ficou vermelha de vergonha, se levantou e saiu da sala. Ainda assim, não consegui parar de rir, assim como outras pessoas que estavam perto. Fui me sentar ainda rindo. Sim, eu fui um idiota.
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O que foi aquilo? Ele não precisava ter rido tanto e tão alto só porque falei uma palavra errada! O outro professor chegava e eu precisava entrar. Mas que vergonha! Entrei mesmo sem querer, já que matar aula não era o tipo de coisa que eu fazia, e me sentei. Percebi que ele passou a aula inteira olhando para mim. Ichinose... Não era diferente de todos os outros garotos que conheci. Não perdia a oportunidade de envergonhar uma recém-chegada. Depois disso, correu tudo normal... Até o almoço.
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Durante a aula eu percebi o quão idiota tinha sido ao rir dela e não consegui desviar os olhos, por mais que tentassem chamar minha atenção. Sentia meu coração apertar, me sentia culpado... Ruphan! Lembrei o nome! Agora não esqueceria mais, mesmo que quisesse. Iria também tentar começar de novo com ela. As aulas passaram tão rápido que nem percebi quando quase toda a turma saiu da sala para o almoço, inclusive ela. Como, se eu estava olhando para ela o tempo todo? Não vi para onde ela havia ido. Me levantei e comecei a procurá-la.
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Quando o sinal do almoço tocou, o que mais ouvi foram garotos me chamando de “cosas” e rindo de mim. Me sentia triste e indignada. Que tipo de pessoas são essas que ano que vem vão tentar a prova da universidade? Também me levantei. Não pretendia ouvir esse tipo de coisa durante o intervalo, então fui para o telhado. Sempre fui curiosa para ficar em um telhado de escola japonesa. É simples, eu sei, mas sempre gostei. O lugar estava vazio e silencioso, perfeito para um almoço. Me sentei, olhando para a cidade e abrindo meu obento, e comecei a almoçar. Mas a calma não durou muito.
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Corria pelos corredores atrás dela, procurando-a por todos os cantos, mas não a via. Só ouvia os garotos da minha turma comentando com garotos de outras turmas sobre Ruphan-san ter falado errado. Mas eu não podia deixar assim. - Será que dá pra vocês pararem de falar sobre ela desse jeito? – parei para falar com eles. - Qual é, Iku, foi você que começou, não? - Eu sei, mas não devia ter feito isso, então dá pra parar? – e continuei a procurando. Só ouvi eles comentando: - Ih, olha lá... – e riram. Nem liguei. Depois de andar por quase a escola toda, já começando a ficar desesperado, pensei no telhado. Era o único lugar onde não tinha ido ainda. Ela só podia estar lá! Corri. E lá estava ela. Ela me olhou logo que eu entrei no lugar, como se eu estivesse violando seu santuário. Primeiro foi surpresa, depois algo que parecia desprezo. Foi como uma facada em meu coração. Ou será que foi impressão minha? Respirava fundo,ainda arfando por causa da corrida, me aproximando dela, e apoiei as mãos em meus joelhos quando fiquei em sua frente. - Queria me... Me desculpar... Não comecei direito... – respirei fundo. – Prazer. Sou Iku Ichinose. Me desculpe por hoje mais cedo. – e me curvei. Estava de olhos fechados e esperava pelo pior, mas ouvi sua voz angelical me dizendo: - Prazer. Está desculpado.
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Aquele garoto me surpreendeu entrando de repente no telhado. Ele iria me ridicularizar de novo? Não estava a fim de descobrir. Olhei para ele com certo desprezo, me preparando para o que ele fosse dizer. Ele pareceu perceber meu olhar, mas ainda assim se aproximou de mim. - Prazer, sou Iku Ichinose. Me desculpe por hoje mais cedo. – e se curvou. Não era o que eu esperava. Não mesmo. Mas ele falou tão seriamente que não dava para duvidar de suas intenções. Ele parecia diferente das pessoas daquela escola. Apenas sorri e respondi: - Prazer. Está desculpado.
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Quando abri os olhos, vi aquele rosto angelical sorrindo para mim. Acho que nunca me senti tão feliz na minha vida. Naquele momento, eu parecia flutuar.
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Ele parecia ter ficado feliz com minha resposta pelo jeito que seus olhos pareceram brilhar. E já foi se acomodando, se sentando ao meu lado. - Você não sabe falar o japonês muito bem? – ele puxou conversa. Parecia querer começar mesmo de novo. - Não tive muito tempo para treinar antes de me mudar. – o respondia enquanto terminava meu almoço. - E porque se mudou para cá? - Meu pai vai precisar passar um tempo aqui no Japão. - Ele é aquele grande empresário inglês de que todos estão falando? - Sim, é ele mesmo. - Uaaaaaau! – ele quase me interrompeu nessa hora. – Ele é muito famoso por aqui! Todos gostam dos carros dele! E você vai assumir a empresa depois de se formar aqui? Não achei que ele iria se empolgar tanto. Ele se aproximou de mim naquela hora, apoiando as mãos no chão e jogando o corpo para perto do meu. - Não. A emprenza vai ser do meu irmão... Ops! – errei de novo? Coloquei a mão na boca depois que percebi, e olhei para ele. Ele segurava o riso. Também estava com a mão na boca. - O que há de tão engrachado? – reclamei com ele e nem percebi que havia errado de novo. A essa altura, já havia terminado meu almoço. - Desculpe... Ha ha... Não é comum ouvirmos alguém da nossa idade... Ha ha... Falando errado... Ha ha ha! Ele ainda tentava não rir, mas não estava conseguindo. - Me desculpe então. – já ia me levantar quando ele tocou em meu ombro. Senti o calor de sua mão. - Não precisa se desculpar. – ele sorria. – Posso te ajudar, se quiser. - Claro! – e sorri de volta.
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Mas que menina fofa! Ruphan-san era muito mais fofa que qualquer menina da classe, além de todas as outras qualidades. E ela parecia uma criancinha quando falava errado, o que fez com que eu me sentisse ainda mais culpado por ter rido dela daquela maneira. - Posso te ajudar, se quiser. - Claro! Aquele sorriso de felicidade que ela deu seria capaz de me alegrar por um ano inteiro. O sinal tocou logo depois disso e voltamos juntos para a sala, mas quando chegamos lá, algo nos surpreendeu. Sobre a mesa dela havia um bilhete enorme e com letras bem legíveis: “Aprenda a falar antes de vir para cá.” Que tipo de tratamento era esse com alguém que havia acabado de chegar? - Quem fez isso? – olhei em volta, mas todos olhavam em nossa direção sem dizer nada. - Não ligue para isso, Ichinose-kun. – meu nome pareceu o melhor nome do mundo sendo pronunciado por aquela voz... Depois do dela, claro. Ela apenas dobrou o papel com cuidado e o jogou no lixo. Estava tão linda... - Certo. Até mais. – e voltei ao meu lugar.
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Post by Ari-chan on Feb 14, 2012 12:55:35 GMT -5
Nenhum comentário, mimimi... ;3; Sei que não apareço muito por aqui, mas gostaria de saber o que estão achando. (ou se estão lendo) ;3;
Parte 3 e 4! \o/ ------------------------------
“Meu primeiro dia foi melhor do que eu esperava.”, eu pensava enquanto voltava caminhando para casa. Eu devia ser a única da escola a voltar à pé. Todos os outros tinham chauffeurs para leva-los para casa. Mas eu não ligava para isso. Cheguei ao apartamento de cobertura em que morávamos e troquei logo de roupas. Meu irmão estava no quarto dele e, como sempre, eu não deveria atrapalha-lo. Assisti um pouco de televisão até meu pai chegar em casa para jantarmos. - Como foi seu dia na escola? – perguntou meu pai ao meu irmão, sempre muito sério. - Ótimo, pai. Não tive problema algum. - E você, Lilith, não causou nenhum problema? - Não, pai. – respondi. - Ótimo. Meu pai continuou a conversar com meu irmão sobre a escola e não me dirigiu mais a palavra. Ao terminar o jantar, apenas fui para o quarto estudar um pouco antes de dormir. Nada de “boa noite”. Mais um dia comum em casa.
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Pelo que eu saiba, anjos normalmente ajudam as pessoas, mas dessa vez foi o oposto. Passei a noite acordado, só pensando nela... Eu não precisava sonhar essa noite, estava sonhando sem dormir. Mas foi muito bom. Cheguei na escola bocejando muito, cumprimentando as pessoas ainda de boca aberta, e tive a melhor visão do mundo para aquela situação: O anjo parado de pé na entrada da escola, trocando seus sapatos. Cheguei até ela bocejando novamente. - Bom diiiiiia, Ruphan-san. Ela pareceu amassar alguma coisa na mão, talvez um papel. Será que era mais uma daquelas ameaças desrespeitosas? - Bom dia, Ichinose-kun. – ela calça seus sapatos depois de falar comigo. – Não dormiu bem? Também trocava meus sapatos. - Na verdade, não dormi nada. - Culidado para não dormir na aula novamente. - Pfff. – ainda não conseguia deixar de rir quando a ouvia falar errado, apesar de ter treinado tanto em casa. – Cuidado... Depois dessa eu fico acordado o resto do dia! - Eu não falei tão errado assim! – seu rosto estava corado de surpresa e vergonha, misturando também um pouco de raiva. Não importava como, estava linda. – Obrigada. – ela olhou para baixo e pareceu repetir a palavra várias vezes para si mesma. - Eu disse que ia te ajudar, não é? – nessa hora já caminhávamos para a sala.
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Ichinose-kun me pegou de surpresa enquanto eu olhava para aquele outro bilhete no meu armário de sapatos. “Vá embora!” Amassei o bilhete na hora, mantendo-o escondido na minha mão, mas ele pareceu não ter percebido. Melhor assim. Não queria envolve-lo em meus problemas. Conversamos enquanto caminhávamos para a sala e não nos demoramos a ir para nossos lugares. Não havíamos chegado tão cedo assim, afinal. Logo que me sentei, as meninas do dia anterior vieram falar comigo. - Ruphan-san, tome cuidado com o Ichinose-kun. Todos dizem por aí que ele é filho do líder da Yakuza. – elas sussurraram para mim, depois desconversaram um pouco, tentando disfarçar o que disseram, e logo saíram. Não que eu devesse confiar no que elas diziam, havia conhecido todos há apenas um dia, mas ele era o único que estava me tratando bem, comparado a outras pessoas. Ele tinha uma aparência meio rebelde, mas Yakuza? Ele teria mesmo ligação com a Yakuza?
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- HAHAHAHAHAHAHA! Já falaram isso para você? Achei que era um boato esquecido! Estávamos almoçando no telhado de novo quando ela me perguntou se eu fazia parte da Yakuza. Nessa escola só tem fofoqueiros! - Isso foi um rumor que começou no ginásio porque eu era meio violento. E eu até achei interessante, então acabei deixando isso pegar. Mas achei que tinham parado de falar sobre isso. - Violento? - É. Sempre me metia em brigas. E era bem mais largado que hoje. – ela parecia interessada no que eu estava contando, e isso me alegrou. - Mas você é mesmo filho do líder? – ela pareceu me imaginar em alguma situação antes de perguntar. Sorri, brincalhão. - Sim e não.
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Fiquei muito mais tranqüila quando Ichinose-kun me falou que era só um rumor, mais uma coisa que eu sabia que tinha muito em escolas japonesas. Depois que ele falou, dei uma olhada melhor nele, e ele parecia mesmo bem largado, comparado aos outros meninos que eram vistos pela escola. Seu cabelo era bagunçado, de um castanho bem escuro, e um pouco longo, com as pontas mais claras. Se sentava de forma relaxada, mas não a ponto de incomodar alguém por isso. A camisa não estava totalmente abotoada e a gravata estava frouxa. O paletó da escola estava totalmente aberto. Usava também uns colares com cruz e tinha as orelhas furadas, que era o que lhe dava a aparência rebelde. Tinha o rosto bem definido, mas não muito rude, assim como o corpo, ou pelo menos o que eu podia ver dele. Pela primeira vez eu vi como ele era realmente bonito. - Mas você é mesmo filho do líder? Ele sorriu para mim, mas me pareceu mais um desafio do que um sorriso. - Sim e não. - Como assim? Dercida-se! Ele deu um leve peteleco na minha testa. - É “decida-se”. Mas não se preocupe, mais para frente você vai saber.
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Várias semanas já haviam se passado desde que Ruphan-san chegou na escola e eu percebia a cada dia mais que era recebia outros tipos de ameaças. Todos os dias, na verdade. Em um dia ela chegou atrasada e com o uniforme de ginástica. Disse que havia molhado o uniforme sem querer e teve que coloca-lo para lavar, mas não foi isso que me pareceu. Queria fazer alguma coisa para ajuda-la, mas não tinha idéia de quem fazia essas coisas. Tudo que podia fazer era continuar a ser amigo dela, já que eu parecia ser o único. E continuar pensando. No almoço daquele dia eu subi um pouco mais tarde por causa da educação física e ela estava lá no telhado, olhando para a cidade ao invés de comer como sempre fazia, perdida em pensamentos. Seu obento não estava com ela. Que bom que eu havia compra do uns pães a mais no refeitório. - Ruphan-san? Ela se virou subitamente para mim, parecendo assustada. Chorava. Olhava para ela e era como se eu sentisse toda a tristeza do mundo. O choro e a tristeza não combinavam com um anjo como ela. Praticamente me joguei em sua frente. - O que aconteceu? – coloquei os pães no chão e, com minhas mãos livres, segurei levemente seus ombros. Ela secava o rosto com as costas das mãos e respirava fundo para conseguir falar. - Eu tentei ignorar até hoje... Todas as ameaças e... Humilhações... Mas cheguei na sala hoje e... Minhas coisas estavam... Todas molhadas... – ela soluçava enquanto falava. Não consegui me segurar nessa hora e a abracei, querendo conforta-la. Nessa hora, não me importava com etiquetas, queria apenas que ela parasse de sofrer. Queria ver seu sorriso de novo. Ela também não se importou e retribuiu o abraço. Senti ela se segurando em minha roupa enquanto voltava a chorar, só que agora em meus braços. - Calma. Eu vou cuidar disso, pode deixar. É melhor você falar com seu pai também... Ela balançou a cabeça negativamente de forma muito determinada enquanto ainda se segurava em mim, depois de afastou um pouco. - É melhor deixar meu pai fora disso. Ele... Não vai ajudar... - Tem certeza? Ela confirmou. Já não chorava tanto, mas seus olhos estavam bem vermelhos. - Ainda assim, deixe comigo.
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Nunca alguém tinha sido tão carinhoso comigo. Me passou confiança, calma. Me senti segura. Depois que me acalmei, ele dividiu seu almoço comigo e ficamos conversando. - Depois te empresto a matéria. – ele ofereceu, gentil. - Você tem a matéria toda? - Claro que tenho! Posso dormir em muitas aulas, mas sempre pego a matéria depois! - Não acredito. - É verdade! – ele chegou a se levantar, indignado. Estava tão fofo. Comecei a rir na hora. Ele ficou tão engraçado, se levantando daquela forma... Não consegui me segurar. - O que foi? - Você ficou tão indignado... Hahaha... Tão fofo! Olhei para ele. Ele havia virado o rosto para o lado e tentava tampa-lo, mas era possível ver que estava totalmente corado. O sinal tocou e ele logo voltou ao normal. - Ruphan-san, vamos? Me levantei e olhei para ele, sorrindo. - Pode me chamar de Lilith.
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Passei o resto das aulas distraído, lembrando do riso dela, de como ele me deixou feliz, radiante, e quente, por dentro. Meu coração disparou na hora em que ela falou que eu poderia chama-la pelo nome. Lilith... Será que conseguiria? Ela estava me encantando. Quando estava perto dela, me sentia estranho. Meu coração disparava só de olha-la. No final das aulas, fui falar com ela novamente, deixando meu material sobre minha cadeira. - L... Lilith, você vai embora a pé, não é? – demorou para sair e eu gaguejei um pouco, mas eu consegui! - Sim. – ela me olhou de forma natural. Linda aos meus olhos. - Posso te acompanhar hoje? - Pode sim. – ela pareceu confusa. - Só tenho que resolver um assunto com o diretor, mas não demoro. - Está bem. Devo ficar aqui por mais um tempo. – e ela caminhou em direção à janela, onde havia uma bancada com seu material, que estava no sol para secar. Saí da sala. Não pretendia demorar muito, não queria deixa-la esperando, então corri para a sala do diretor. Tive uma idéia, finalmente. Disse a ele que resolveria esse caso das ameaças contra Ru... Lilith e, com a influência que tinha, duvido que o diretor não fizesse algo. E a influência não tinha a ver com a Yakuza. Não foi nada muito demorado e eu consegui que ele resolvesse a situação, como imaginava. Ele sempre me ajudou muito. Voltei logo para encontrar com Lilith na sala, mas ela já me esperava nas escadas com minha bolsa nas mãos. Ela havia arrumado o seu e o meu material. Um amor! Caminhei até ela, que me entregou minhas coisas. - Obrigado. Secou tudo? - Nem tudo, mas dá para levar para casa. Vamos? Concordei, e ela começou a descer as escadas rapidamente. - Não precisa ter tanta pressa. Não tem nenhum compromisso agora... Ou tem? Ela se virou, parando no meio da escada enquanto eu ainda descia. - É um constume meu. Eu ri um pouco. - É costu... Nessa hora ela estava se virando para voltar a descer, mas pareceu ter tropeçado. A vi começar a cair. Tudo parecia acontecer em câmera lenta. Instintivamente, larguei minha bolsa e saltei alguns degraus para chegar mais perto dela, firmando meu pé em um dos degraus mais abaixo do que ela estava e passando meu braço ao redor da cintura dela. Lutei por um segundo contra a gravidade, sentindo seu corpo pesar em meu braço enquanto usava o outro para me segurar no corrimão e garantir que não iríamos cair novamente. Ela se segurou firme em mim e eu a puxei para perto, mantendo-a equilibrada. Passamos um tempo sem nos mexer, depois nos olhamos. Nossos rostos estavam próximos. Vi o dela corar. - Você está bem? – perguntei. Senti aquele corpo de aparência frágil em meus braços. Parecia que ela iria quebrar se eu a soltasse ali. Ela se segurava na manga do meu paletó. - Sim. – ela disse baixo, desviando um pouco o olhar e corando mais.
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Ele foi tão rápido ao me segurar. Realmente achei que fosse cair naquela hora e achei que ele fosse cair também. Não considerei que ele era mais forte que eu. Senti aqueles braços carinhosos e fortes ao redor da minha cintura e meu rosto foi ficando quente, meu coração foi batendo mais rápido. Olhei para ele e o vi preocupado. Mas perto demais. Ele perguntou se eu estava bem e senti meu coração acelerando ainda mais. Desviei o olhar instintivamente. Recolhemos nossas coisas, que estavam no chão, e descemos as escadas, saindo da escola em silêncio. Claro, depois dessa, desci com mais cuidado. Na porta da escola havia apenas um carro e um homem esperava encostado nele. Usava a roupa toda preta, mas um pouco mais informal: tinha uma jaqueta preta, assim como a calça, e uma camisa branca por baixo. Ichinose-kun foi falar com ele, de forma bem informal, e não demorou muito para o homem entrar no carro e ir embora. - Era meu motorista. Disse a ele que iria a pé hoje. – disse ele ainda se aproximando. - Vai mesmo comigo? - Mas é claro! Começamos a caminhar com calma, conversando. Ele pareceu ter esquecido o que aconteceu instantes atrás, já que agora falava sem vergonha, como fazia normalmente. Conversamos animadamente no curto caminho da escola até minha casa, e eu adoraria que essa caminhada não acabasse.
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Fiquei deitado na minha cama olhando para o teto com a luz apagada. Não conseguia parar de pensar nela. Revia seu sorriso, seu olhar, lembrava de seu cheiro... Fechava os olhos para senti-lo e logo os abria novamente. Me lembrei da caminhada depois da escola, de como meu coração ficou disparado durante todo o caminho, e de achar que não conseguiria disfarçar meu nervosismo. Lembrei também de quando cheguei na frente de seu prédio, um prédio de mais ou menos vinte andares, onde a cobertura parecia ter um pequeno jardim com muitas árvores. Ela parou, parecendo um pouco triste, e disse que era ali que morava. Peguei meu caderno e entreguei a ela, tendo uma ideia. - L... Lilith... – ainda sentia vergonha de chamá-la pelo primeiro nome. – Você ainda não conhece muito bem a cidade, não é? Ela pareceu corar um pouco. - Sim. - Vou andar um pouco com os amigos amanhã. Quer vir também? A vi ficar totalmente vermelha e sem reação por um tempo. Me senti quente por dentro. - Vamos, vai ser divertido! – insisti. - Está bem. Eu vou. Sorri. A alegria me tomou totalmente, mas ainda assim pude perceber um carro parado na entrada da garagem do prédio. Não via quem estava dentro, mas parecia olhar para a gente. - Posso passar aqui amanhã depois do almoço para te buscar. Ela concordou com a cabeça, sorrindo. O carro entrou, assim como ela, e eu fui para casa. Passei o dia todo pensando nela.
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M.
New Member
O minimo que podemos fazer, ? dar o nosso m?ximo.
Posts: 4
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Post by M. on Feb 14, 2012 23:01:36 GMT -5
Comecei a ler morrendo de sono, mas me vi preso até a ultima linha, pra pode fazer um comentário. ahuahau' Enfim... eu curti, gostei da narrativa, é fácil de imaginar as cenas envolvendo os personagens, a forma com que eles se vestem e até as expressões deles, principalmente depois da parte três \o\
Não sei se foi intencionalmente, mas adorei a abordagem do tema Bullyng, do preconceito e do rumo que esta tomando. Poreeeem, eu achei a narrativa dupla meio massante... horas eu lia e pensava: "É eu já sei... -.-"
Enfim, ansioso pelas próximas partes, vou deixar a historia terminar pra fazer um comentário sobre os personagens. \õ
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Post by Ari-chan on Feb 15, 2012 13:38:55 GMT -5
Obrigada pelo comentário M! *-* Bom saber que deu pra imaginar bem as cenas e os personagens.
Era para ter algo com bullyng sim, mas eu não gostei da forma como ficou na história... Eu sei que poderia fazer melhor, mas não me vinha nada na cabeça... ;-; Agora sobre a repetição de algumas coisas, eu imaginei que ficaria meio... repetitivo (é, né? xD), e evitei fazer isso muitas vezes, mas tinham horas que não dava. xD
Logo, logo eu posto as duas últimas partes. Obrigada novamente pelo comentário! \o/
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Post by midori on Feb 16, 2012 16:28:55 GMT -5
Eu já comentei no ZA mas comento aqui de novo ^^
Muito fofinha a história deles ^^
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Post by moonlance on Feb 22, 2012 13:43:10 GMT -5
Oi, Ari-chan! xD
Bem, o começo realmente ficou meio confuso (o parágrafo mais confuso acho que é o 4º lá do início). Mas depois, vai ficando cada vez mais clara e naturalmente mais fluida a narrativa, como acho que deve ter sido seu objetivo. Então vai melhorando.
Mas eu acho que você deveria REFORÇAR mais as diferenças psicológicas entre os dois personagens, não apenas pelo fato de um ter adjetivos no feminino e outro no masculino, ou porque um preenche parágrafos pares e outros ímpares. Acho que você deveria definir MELHOR um ESTILO DE NARRATIVA para cada um, estão ambos MUITO PARECIDOS ainda, e isso empobrece ambos os personagens, essa similaridade excessiva. Quero dizer, eles são tão iguais no JEITO DE CONTAR o seu ponto de vista pessoal que poderia "inverter" tudo e não mudaria muita coisa. xD Acho que valeria a pena aprofundar então isso, porque se você conta a história de 2 pontos de vista diferentes, então porque eles precisam ser tão parecidos??? Acho que você tem que aprofundar algum eventual abismo psicológico que poderia existir entre eles. Se o cara é um rebelde ou um ex-bagunceiro, então tente reforçar o estilo de pensamento dele não tanto nas ações dele (que isso está bom eu achei), mas no PENSAMENTO dele, na NARRATIVA dele, na forma com que ele conta as coisas. O mesmo vale para a protagonista; se ela é uma estrangeira, tente mostrar mais o CHOQUE CULTURAL dela; ela parece ADAPTADA BEM DEMAIS a essa cultura do Extremo Oriente; não é convincente. Reforce TODOS OS TIPOS DE ESTRANHEZA que ela deveria ter naquela cultura. E expresse isso em sua forma de contar/narrar o seu ponto de vista sobre a relação dela com o lugar e o cara.
Ambos os personagens estão muito inconsistentes e crus ainda. Mas eu diria, muito mais porque estão muito parecidos um do outro, do que pela própria personalidade de cada um tomada individualmente. Por outro lado, você escreve bem eu acho, e até surpreende como algumas partes são lidas quase que instantaneamente.
No entanto, é de pouca valia 'espiritual' toda essa fluidez, se os seus personagens têm tão pouco a dizer porque são praticamente 'clones'. A o desenvolvimento da relação em si, as ações que tomam os personagens, está indo bem eu acho. O que NÃO está indo tão bem, são os conflitos internos dos personagens. Eles virtualmente parecem ter o mesmo conflito interno porque se comportam muito igual; é isso que não convence. xD As pessoas são todas diferentes (e infinitamente diferentes aliás), ainda que existam muitas exceções. Reforce o(s) CONFLITO(S) internos, a história profunda de cada um, COMO ISSO AFETA DIRETAMENTE AS DECISÕES E AÇÕES DELES EM CADA INSTANTE, e então você terá uma relação muito menos artificial.
O M. abordou outra coisa interessante, que é sobre a repetição de eventos, só que tratado do ponto de vista de cada um dos protagonistas.
Eu acho que entendo o seu propósito nisso. Então, o que você tem que fazer, é 'mágica': "Você tem que REPETIR UM EVENTO SEM FAZER REPETIR O EVENTO!!!" xDD Ou seja, TUDO RECAI no que eu disse anteriormente: você precisa APROFUNDAR o ponto de vista individual de seus 2 protagonistas e consequentemente a forma de narrar de cada um. Porque no momento em que eles forem muito distintos um do outro psicologicamente e socialmente, será possível você contar a MESMA coisa, só que de pontos de vista REALMENTE distintos e que podem ter significados EXTREMAMENTE ricos para o seu universo; e aí isso interessa ao leitor: perceber como esses 2 personagens aparentemente tão parecidos, na verdade são tão diferentes.
Em suma, eu acho que pra você atingir isso mais facilmente, você pode tentar "viver" (simular pra você mesma) os momentos de vida como cada protagonista; partindo não só de uma necessidade roteirística evidente que seria de tentar aproximá-los no final da história imagino, mas partindo também de uma necessidade roterística de AFASTÁ-LOS ao máximo em termos de psique, pelo menos em determinados aspectos; desse modo, gerando os conflitos que os tornarão não opostos, mas diferentes; diferentes o suficiente para que as REPETIÇÕES que você quer desenvolver poeticamente NÃO SEJAM repetições empobrecedoras, e sim enriquecedoras. Você pode para isso claro se apoiar simplesmente no fato de um ser do sexo feminino e outro do sexo masculino. Só isso já lhe dá uma gama incrível de possibilidades de distanciamento psíquico, se você explorasse a fundo. Mas claro que o legal seria buscar em todas as fontes (não apenas o sexo do personagem, mas a sua família, o seu passado, os seus valores, os seus amigos e/ou inimigos, a sua cultura sobretudo [que isso é incontornável em sua história: Ocidente X Oriente!; isto é, se você tiver algum interesse em 'realismos', mas não é uma necessidade; mas o conhecimento extra dessas diferenças culturais só tende a enriquecer a própria RELAÇÃO de seus personagens, veja por esse ângulo; porque é CONFLITO).
Outra coisa, você pode também (e você tem feito isso no texto eu observei) valorizar, nessas "repetições", cenas (ou pequenos detalhes ou momentos ou instantes muito específicos de uma cena) que NÃO haviam sido apresentados antes com o personagem que narrou primeiro a cena; e então você pode adicionar um monte de informações de coisas que não haviam sido ditas antes. Um beijo (ou pelo menos uma clara intenção desistida e não percebida pelo outro; e por isso mesmo ele não havia comentado nada... porque não percebera a intenção!), uma mão que... tenta fazer alguma coisa e não faz, ou faz mas isso NÃO FORA revelado antes por alguma certa razão. Gestos, ações, detalhes; porém, detalhes IMPORTANTES que poderiam mudar TODO o contexto da compreensão da história, se deixados de serem conhecidos. O interessante é que você não precisa dizer que o personagem anterior, só porque não narrou algum detalhe que o segundo narrou, ele não soube do ocorrido. Então isso também aprofunda os seus personagens; pois você não precisa mostrar TUDO; e muito menos, mostrar TUDO DUAS VEZES. É ridículo! xD Sugerir é melhor do que mostrar, dizem os grandes mestres de quaisquer artes.
Enfim, a sua história é interessante porque desperta esse interesse em tornar as coisas intrincadas roteiristicamente. Mas você precisa saber lidar com as ferramentas melhor se quiser aproveitar isso a favor da relação que você está construindo. Mesmo uma relação que se quer que seja simples, pode no fundo ser muito mais complexa. Mas o fundo você não precisa mostrar. Mas você precisa conhecer a complexidade dela; explorar mais tudo isso. xD
Em conclusão, não é o tipo de história que eu normalmente leio. Mas, APESAR de eu ter explanado todas essas problemáticas em sua história, você apresentou 2 coisas boas latentes eu diria: - você consegue ter fluência no texto quando consegue emitir clareza na narração; ou seja, consegue manter a atenção do leitor (M. comentou isso também). - você se propôs um desafio narrativo (a dupla-narração) bastante complexo tecnicamente na verdade, e que pode gerar excelentes frutos, contanto que você consiga aprender mais sobre como explorar isso ao extremo, e não só impensadamente como você vem fazendo. xD
Eu não lembro agora de nenhuma dupla-narrativa assim como você fez (com certeza devem existir milhares hoje xD), mas me ocorre que a obra O Tempo e o Vento, de Érico Veríssimo, fica alternando (mas POR CAPÍTULO ou algo assim) a narrativa em pelo menos 2 tempos históricos distintos. Ele se especializou nessa técnica de modo que isso parece também marcou sua obra no mundo todo, não apenas pela qualidade literária, pela trama e personagens em si ou pela riqueza de referências históricas na obra, mas inclusive pela complexidade dessa constante alternância temporal na narração, muito comentada pelos críticos literários quando tratam daquela obra. Bem, a alternância que você aplica não é bem uma questão temporal de passado e presente; mas ainda assim é uma alternância narrativa; então você está lidando com uma técnica que tem um tanto de história. Você deveria conferir mais, não só o que se faz em mangás e animes nesse sentido.
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Post by Ari-chan on Nov 20, 2012 17:16:16 GMT -5
Demorei muuuuuuuuuuuuuuuuito pra responder. Desculpe por isso! >_<
Agradeço muito pelo comentário Moon. Já tinha lido na época que postou e li de novo agora. Você comentou de certas coisas que não havia percebido enquanto escrevia, como eles estarem muito parecidos e não ter um aprofundamento muto grande na "personalidade" deles. Isso é algo que, depois do seu comentário, eu passei a perceber em outras histórias que tenho escritas por aqui. Não disse exatamente isso logo que postei as primeiras partes, mas o que fiz foi basicamente jogar o que vinha na minha cabeça pro papel. Só editei um pouquinho quando fui digitar, mas eu não pensei muito detalhadamente no que escrevia na época. E quando postei aqui também, não mudei nada do que tinha colocado no meu abandonado blog. Realmente há muitas coisa que eu poderia ter abordado melhor, como o choque cultural que comentou. Sobre as repetições, como disse, fui escrevendo o que vinha na cabeça tentando não repetir demais, mas não deu tão certo. xD
Muito obrigada por todas as dicas que deu! E vou procurar o livro do Érico Veríssimo pra ler. =3
Agora, como fiquei devendo há muito tempo, o final da história.
Como disse em um dos comentários e agora repito, não gostei da forma como abordei o bullyng. E também não gostei de como terminou a história. Mas na época eu não tinha muita ideia do que poderia mudar então deixei assim mesmo.
Lembrando que o que vou postar agora não foi lido novamente, nem revisado. Apenas copiei do abandonado blog e colei aqui. Mas não quero deixar ela sem um "final" por aqui, então estou postando.
Lá vai. Partes 5 e 6.
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Estava sentada no banco da portaria esperando pelo Ichinose-kun. No dia anterior, depois do jantar, passei a noite copiando a matéria que não deu para salvar. Pela manhã, não parava de pensar no que aconteceria naquele dia. Almocei, já arrumada, me despedi do meu pai e meu irmão e esperei. Imaginei que meu pai não me perguntaria nada, assim como fez. Não demorou muito para que Ichinose-kun chegasse. - Demorei? – disse ele, no portão. Uma pergunta clássica. Me levantei e abri o portão para encontrá-lo. - Não. Acabei de decer. - Descer. – ele riu. Ele usava uma camisa xadrez verde aberta, que lembrava as cores do exército, por cima de uma camiseta branca de gola baixa. Usava alguns colares a mais. As mangas da camisa estavam dobradas e no pulso usava uma munhequeira de couro. Nos dedos das duas mãos, alguns anéis. Usava também uma calça preta larga com vários bolsos e uma corrente prata do lado. Estava lindo. Caminhamos um pouco e encontramos com dois meninos e uma menina. - Esses são Takuya, Shiro e Harumi. – Ichinose-kun os apresentou. - Sou Lilith Ruphan. Prazer. – me curvei, me apresentando. - Não precisa ser tão formal. – eles sorriram. Também se apresentaram e fomos para o metrô. Todos eles eram muito divertidos. Takuya tinha o estilo muito parecido com o de Ichinose-kun, também usava o cabelo bagunçado e pintado nas pontas. Shiro e Harumi estavam com menos acessórios, o que fazia com que eles parecessem mais “comuns”, mas nem por isso muito diferentes. Fomos ao centro da cidade, à Torre de Tókio, andamos por várias lojas e lanchamos em uma lanchonete simples, o tipo de lugar onde eu nunca imaginei que estaria algum dia.
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Depois que saímos da lanchonete, os três animadinhos foram a um fliperama que ficava ali perto. Lilith demorou um pouco mais para sair da lanchonete e fiquei a esperando em um banco na rua. Não demorou para eu vê-la chegando. A brisa fazia seu cabelo flutuar e parecia brincar com o vestido quase roxo que usava. Estava também com um tipo de casaco pequeno, não sei o nome dessas coisas, meio transparente, que deixava perceptíveis as alças do vestido. Calçava uma bota preta. Linda. Quando ela se aproximou, vi também outra pessoa olhando para nós. - Aquele é seu pai? Lilith olhou na mesma direção. - É sim. Meu pai e meu irmão. Então aquele loiro de óculos é que iria assumir a empresa. Ele tinha cara de “nerd”. Os dois estavam entrando em um dos restaurantes mais luxuosos da cidade, o tipo de lugar que eu nunca tive curiosidade de ir. - Por que não está com eles? Será que eu atrapalhei algum plano de vocês te convidando hoje? – fiquei meio inseguro. - Não, claro que não. – ela riu um pouco e se sentou olhando para o pai, séria. Ele retribuiu o olhar, que parecia muito severo, por um tempo antes de entrar no restaurante atrás do garoto. - Nunca fui com eles. – ela disse, calmamente. Olhei para ela, surpreso. - Como não? - Esse seria um jantar em família. Para ele, eu nunca fis parte da família. – ela olhava para os carros que passavam. Fique sem saber o que dizer, mas me aproximei um pouco mais dela. Ela deve ter percebido que eu queria saber mais. - Quando era pequena, morava apenas com minha mãe e nunca tive uma vida tão tranqila como agora. Mas minha mãe ficou doente e eu não conseguia cuidar dela. Ela escreveru uma carta e pediu que eu fosse até a casa do meu pai. Lembro de ter ficado sentada na calçada enquanto a carta era entregue ao meu pai, até que me camaram para entrar. Meu pai disse que eu passaria a morar com eles, mas deixou claro desde aquele momento que eu nunca perteceria àquela família. Nunca mais vi minha mãe. Agora ela olhava para baixo e, mesmo que tentasse disfarçar, era visível em seu rosto a imensa tristeza que sentia, assim como era possível percebê-la em suas palavras. - Só saia com eles quando era uma ocasião importante, como um jantar de negócios ou quando tínhamos que viajar, e eu sempre preferi ficar quieta para não causar problemas a ninguem. Não causar problemas... É o que ele sempre me pedia. Ela ficou brincando com os dedos e olhando para eles em silêncio. Também não pude dizer nada, não tinha palavras. Ficamos assim por um tempo. - Foi por isso que não quiz dizer a meu pai o que acontecia na escola. Ele quer “manter as aprarências”. Isso foi demais. - E aceita isso assim? Numa boa? – acabei levantando um pouco a voz sem perceber. - Não tenho outro lugar para ir. – ela pareceu não ligar muito, mantendo o tom. – Ficando com meu pai, tenho tudo que preciso. E não causar problemas a ele é a forma que tenho de retrubruir. Não tive como responder a isso. Apoiei os cotovelos em meus joelhos e olhei para o chão. O silêncio reinou por mais um tempo, enquanto eu remoia minha raiva crescente daquele “pai” e absorvia as palavras dela. - Desculpe por fazer você falar sobre isso... – não tinha nada além disso para dizer. Vi que ela balançou a cabeça negativamente. - Obrigada por me ouvir. Nunca me abri com ninguem assim. – ela sorria.
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Nunca imaginei que sair com os amigos poderia ser tão divertido. Havíamos saído no sábado e passei o domingo todo pensando no quanto havia me divertido. Depois que me abri com Ichinose-kun, quer dizer, Iku – ele me pediu para chamá-lo assim. – os três voltaram do fliperama nos chamando para ir ao karaokê. Nunca tinha cantado como cantei naquele dia. Ou melhor, nunca tinha cantado. E obviamente desafinei, e errei, muito. Comemos no karaokê, enquanto cantávamos e, como já era noite, Iku me levou em casa. Depois do banho, dormi logo, e foi um sono tão pesado e relaxante que quase perco a hora de acordar. Copiei o resto da matéria. Segunda, logo que Iku chegou, foi falar comigo. Trazia um envelope na mão. - Bom dia! - Bom dia. – respondi. - Aqui estão as fotos de sábado. - Já? – peguei o envelope que ele me estendia. - Sim. Harumi imprimiu várias vezes as fotos, montou esses envelopes e entregou um para cada um. Ela pediu para que eu te entregasse. - Obrigada. Agradeca a Harumi por mim. - Claro! De nada. – ele riu um pouco. O professor entrou pegando a todos de surpresa. Aproveitei e lhe entreguei o caderno antes da aula começar. Durante a aula, fiquei pensando no que Iku teria feito, já que eu não havia recebido nenhum tipo de ameaça nesse dia. Olhei para Iku e encontrei seu olhar. Ele estava com a cabeça deitada sobre um dos braços, e olhava para trás, para mim. Seu rosto ficou corado e senti o meu ficar quente. Acabei desviando o olhar. Me lembrei das fotos. Como elas teriam saído? Peguei o envelope, retirei as fotos e comecei a olhá-las, com cuidado para que o professor não visse. Fotos na torre, no karaokê... Todas tinham ficado boas, mas no meio delas havia um papel. “Percebi que você estava interessada “nisso”. Essas são especiais pra você. <3 Harumi” Fiquei imaginando o que seria quando tirei o papel da frente da primeira foto. E fui passando aquela seqüência, corando cada vez mais a cada foto. Era uma seqüência de fotos do Iku. E parecia que ele não tinha percebido que Harumi havia tirado aquelas fotos. Mas eu? Interessada nele? Eram fotos dele jogando, comendo, rindo, refletindo na torre, viajando totalmente sentado no banco enquanto me esperava... Mostravam ângulos diferentes dele. Estava lindo em todos. Acho que estava mesmo interessada nele. Guardei as fotos e tentei prestar atenção nas aulas, algo que demorou um pouco para acontecer. Fui falar com Iku quando chegou a hora do almoço. - Iku-kun, acho que a Harumi-chan não te passou todas as fotos. Ele olhou surpreso para mim. - Não? Ela... Olhei rapidamente para a grande movimentação no pátio e vi alguém que não esperava.
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Não entendi quando Lilith saiu correndo da sala, mas fui atrás dela. Não sabia do que se tratava, mas tinha a sensação de que ela precisaria de mim. Ela parou em frente a entrada do prédio da escola e eu cheguei a tempo de ver o pai dela entrando. - Papai... – ela estava surpresa. – O que... faz aqui? Ele a olhou com desprezo. Algumas pessoas começavam a se aproximar e comentar. - Vim recuperar minha reputação. – ele falou baixo e frio. - O... O que... Eu... - Andando com delinqüente, filho de gangster... – ele também me olhou com desprezo. Não me intimidei. - Devia conhecer melhor as pessoas antes de falar. – entrei no meio da conversa. Não conseguiria ficar sem falar nada de qualquer jeito. - Iku! – ela parecia um pouco nervosa por eu ter me metido. - Como pode tratar sua própria filha dessa forma? - É assim que bastardos devem ser tratados. Lilith abaixou a cabeça. Como ela poderia ficar quieta em uma situação assim? - Não se meta, filho de bandido. Ah, não. Essa eu não deixo passar! - Olha como fala do meu pai! – aumentei o tom de voz e cerrei os punhos, já me segurando para não pular em cima dele. Ele nem se moveu. - Não tenho medo de você e de sua laia. – ele me lançou um olhar frio e eu o encarei de frente até ele se virar e seguir para dentro da escola. - Papai... O que vai fazer...? – a voz dela estava insegura. - Você vai sair daqui. – ele respondeu sem parar de andar nem olhar para trás. Ele a estava fazendo sofrer e eu não agüentava ver isso. Minha vontade era de dar um soco na cara dele e quase faço isso mesmo, mas senti alguém segurando meu paletó.
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Fiquei em silêncio me perguntando porque meu pai estaria ali e como as coisas haviam chegado nesse ponto. Meu pai e Iku trocando acusações. Percebi, ainda de cabeça abaixada, que Iku estava com raiva. Seus punhos, cerrados, tremiam. Eu entendia o porque da raiva, mas não entendia porque ele fazia isso por mim. Segurei a parra do seu paletó antes que ele decidisse ir até meu pai. Ele parou logo que percebeu. - Lilith... Me desculpe... Quase me descontrolei... Balancei a cabeça, querendo dizer que estava tudo bem, mas não conseguia levantá-la. Ouvia a fofoca dos que estavam ali perto. Era sempre assim... Continuei segurando o paletó dele. Me passava segurança. Alguém se aproximou. - Cara, aquele homem que ta lá fora tava perguntando sobre você hoje de manhã. – era um dos meninos da classe falando com Iku, que se moveu para ver quem era. - Perguntando pra quem? O que? - Pros alunos que tavam entrando... Era algo como... – ele não terminou, - Devem ter falado dos rumores... Droga! Bando de fofoqueiros! – ele deu um soco na parede e eu me encolhi. – Lilith... Desculpe... Senti ele colocando a mão sobre a minha e me senti ainda mais segura. Me encostei na parede enquanto ouvia cochichos por todo canto. - Dá pra vocês pararem com isso? – Iku reclamou. O silêncio reinou por alguns minutos, enquanto ele segurava minha mão. Fiquei olhando para meus pés. - Não quero sair daqui... – comentei baixo, mas pareceu muito alto naquele silêncio. - Você não precisa ir! Balancei a cabeça, contrariando-o - Eu preciso. Ouvi passos se aproximando. Passos do meu pai. Iku soltou minha mão e eu voltei a segurar no paletó dele. Esperei pelo pior.
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Dei um passo a frente dela, sentindo-a segurar meu paletó novamente. Iria protege-la. Ele me olhou sério. Seu olhar não era mais de desprezo. Agora ele me analisava de cima a baixo. - Não vou deixar que a tire daqui. – falei, olhando para ele com determinação. Ele olhou para ela, para mim novamente, depois se dirigiu à saída. - Façam como quiserem. Observei-o caminhar para fora do prédio. Não sabia se aquilo era um bom ou mal sinal. Virei-me para Lilith. Ela estava surpresa, olhando para seu pai. - Esses rumores já lhe causaram muitos problemas, mas nunca haviam causado problemas a outras pessoas. – ouvi a voz calma e lenta do diretor ao nosso lado. Isso me tranqüilizou um pouco. Virei-me para ele, dando a mão a Liliht novamente. Aquele senhor baixinho, de rosto sereno, parecia ter resolvido tudo. Como sempre. - Não acha que é hora de acabar com eles? Sorri para o velho, feliz. Ele também sorria e, com isso, eu sabia que tudo estava certo. Era sempre assim. Meu coração palpitava. Mesmo que ninguém falasse mais nada, ainda havia muita gente por perto e isso seria suficiente para acabar com aqueles rumores. Voltei-me para Lilith novamente. - Lembra quando me perguntou se eu era filho do líder e eu respondi “sim e não”? Ela afirmou com a cabeça. - Então. Sou filho de um líder sim, mas não da Yakuza. Sou filho do coronel da Polícia Militar do Japão.
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Ele sorria enquanto me contava quem era seu pai. Parecia ter muito orgulho dele. Os cochichos voltaram, sendo a maior parte de surpresa, mas Iku não ligou, assim como o diretor. Parecia ser isso que queriam, já que o diretor sorria satisfeito. - Melhor voltarem logo para a sala. Não quero que se atrasem para a próxima aula. - o senhor se vira, mas logo se volta para mim. – E não se preocupe, você não irá sair daqui. Ele se afasta de nós. Ainda me perguntava como as coisas haviam acontecido tão rápido. Iku voltava para a sala, e eu ia com ele, já que estávamos de mãos dadas. Andávamos lentamente. - O diretor sempre foi um grande amigo da nossa família. Me ajudou muito na época das minha encrencas, e me ajuda muito até hoje. – ele olhava para frente, mas segurava minha mão carinhosamente – Do jeito que ele estava calmo, deve ter mudado a cabeça dura do seu pai. Estava ficando nervosa com a forma que ele segurava minha mão. Sentia meu coração disparado, mas não queria que ele soltasse. Queria que essa sensação durasse para sempre. - Obrigada...
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