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Post by moonlance on Dec 28, 2012 23:04:12 GMT -5
Prometo ler e comentar a partir de meados de Janeiro, se me permitir. xD
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Post by JP Vilela on Dec 29, 2012 13:30:27 GMT -5
Permitido!
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Post by JP Vilela on Jan 12, 2013 16:03:09 GMT -5
Já devia ter escrito MUITO mais do que isso, mas enfim... Capítulo 5 – A Primeira Onda – parte 1 Capítulo 5 – A Primeira Onda – parte 1
Sob o arco de entrada do salão estava parado o sujeito que havia trazido um companheiro moribundo para dentro do complexo. As rubras luzes que o acompanhavam logo denunciaram a sua presença aos demais que ali festejavam. Com pouco tempo todo o salão parou em silêncio para observá-lo. Todos do Sedoc sabiam muito bem o que tais luzes significavam, as runas de alerta que decoravam os rodapés de todo lugar brilhavam em vermelho vivo sempre sangue de jotun, ou de alguém que tenha sido infectado por tais criaturas se aproximasse delas, era um dos mais complexos sistemas de defesa do lugar. Algumas das pessoas que estavam mais próximos do tal indivíduo tentaram abrir o máximo de espaço possível. Outros poucos que não se sabe por que carregavam algum tipo de arma logo as sacaram com espanto.
Dami voltou-se para Nacasiba, que estava parado na mesma posição em que havia iniciado a conversa, o rapaz o observou, olhando para dentro das duas fendas negras da mascara do velho por um segundo e logo após voltou seus olhos para aquela pessoa lá na frente. O rapaz reconheceu como um dos companheiros de Gregório, mas aquelas luzes alarmantes das runas e o estado em que se encontravam as roupas do sujeito, como as de quem havia participado de uma sangrenta batalha. Eram sinais mais do que suficientes para indicar que algo estava terrivelmente errado naquela situação.
- Fique aqui e não se mova. – ordenou-o o senhor mascarado.
O clima já havia se tornado pesado e o silêncio de antecipação de um confronto foi apenas quebrado pelo próprio Nacasiba que se distanciou de Dami e começou a seguir em direção ao suspeito sujeito levantando o tom da voz e falando:
- Meu jovem, se você está infectado esse não é o seu lugar... Mas posso até adivinhar que você sabe que a Sala de Cura é no caminho oposto – completou o velho.
Nada respondeu o sujeito, que apenas ficou ali parado do jeito em que estava desde que o notaram ali, apenas observando a todos com olhos maldosos. Os demais próximos a ele, quase contra as paredes da sala, davam todo o espaço para ver o que viria em seguida, sabiam que alguém normalmente infectado não estaria nem consciente, quem diria capaz de ficar de pé e sair andando por ai. Não sabiam como reagir a tal situação, e quase que em uma forma de pensamento coletivo deixaram o seu líder, o velho senhor chamado Nacasiba agir. O Cavaleiro Jarl Imman Angus havia levantado-se junto com quase todos da sala assim que o sujeito havia aparecido e já indo em direção ao mesmo falou em voz alta, logo após seu líder:
- Senhor... hhumm... Vassan Damarque... – parecia ter se esforçado para lembrar do nome do sujeito - Ouviu Nacasiba. Fale alguma coisa... Moleque! - falou com sua costumeira voz autoritária e arrogante.
O sujeito abriu um sorriso quando acabou de ouvir Angus e o fitou com um olhar frio, por fim respondeu:
- Vim aqui falar com ele... – acenou com a cabeça para Nacasiba – Não... se intrometa... - sua voz não soava com o normal daquele jovem sujeito. Não soava se quer como a de um ser humano.
-Pff... – rui Angus com escárnio - Um impostor... Quem é você? – perguntou enquanto calmamente tirava uma adaga de um bolso interno de seu sobretudo de couro.
O sujeito olhou para baixo sem pressa, coçou o pescoço com força e novamente voltou a encarar o ex-instrutor dos recrutas com um leve sorriso nos lábios. Começou a caminhar lentamente em direção a ele e ao Nacasiba como se tivesse encarado o gesto de Angus como um desafio. As pessoas que estavam mais próximas do suspeito podiam sentir algo terrivelmente errado, o ar ali estava ficando mais frio e algumas das velas sob as mesas mais próximas a ele começavam a apagar-se subitamente, nem de longe aquela pessoa era um simples infectado.
Angus sacou outra adaga escondida em seu traje e não perguntou nada, apenas arremessou-a violentamente contra aquele estranho “conhecido”. A lâmina voou zunindo enquanto rodopiava cortando ferozmente o ar e acabou fincada firmemente no lado esquerdo do peito do alvo com um sonoro e molhado impacto. Os outros que lá estavam armados fizeram menção de atacarem o sujeito, mas logo Nacasiba gritou:
- Não ataquem! - em um tom um tanto quanto aflito.
Em obediência ao líder os membros armados pararam relutantes e nervosos. Se ele os ordenou para não atacarem aquele estranho intruso era por um bom motivo, o que deixava ainda mais claro que algo estava muito errado ali.
Com a pancada, Vassan deu um passo para traz perdendo a pose ereta e lá ficou. Olhou para aquela arma enterrada em sua carne e sem pestanejar ou expressar qualquer outra reação, puxou-a para fora lentamente. Ouviram-se exclamações de espanto vindas de todo o salão inquieto com aquela situação enquanto a lâmina saia banhada um sangue muito escuro. Nacasiba pronunciou-se mais uma vez:
- Quero todos parados e quietos! É uma ordem - falou em alto e bom som, sua voz abafada parecia levemente alterada.
- Muito obrigado - falou Vassam enquanto soltava a adaga no chão e lentamente olhava em volta para ver se todos os presentes realmente obedeceriam a ordem de seu superior - agora podemos conversar com mais cal...
Angus saltou contra o intruso com a outra adaga que tinha em punho. Aquela reação do intruso tinha sido a ultima prova de que ele nem de longe era quem aparentava ser. “Vassam” com o canto do olho o encarou mais uma vez por um segundo. O ex-instrutor sentiu uma vontade assassina naquele sujeito no momento em que seus olhos encontraram-se com os dele naquela fração de segundos, ao mesmo tempo em que a voz do velho Nacasiba podia ser ouvida implorando para que não atacasse.
O que aconteceu após isso foi bem difícil de acreditar para a maioria dos presentes: Uma forma escura emanou de “Vassan” e acertou Angus bem no peito com um estrondo espectral, fazendo o ex-instrutor girar em pleno ar e cair bem na frente do inimigo que rapidamente puxou seu braço direito que ainda segurava a adaga antes que o arrogante Jarl pudesse reagir. O intruso com o punho que estava livre socou-o bem no meio do antebraço. Foi possível ver claramente aquela porção do braço onde não havia juntas curvando-se ao som abafado de algo quebrando. Era evidente que o osso de seu antebraço havia rompido-se, apesar de que tudo isso havia acontecido muito rápido. Angus soltou um grito de dor e as pessoas que estavam armadas fizeram menção de socorrê-lo mas Nacasiba logo ordenou que não reagissem em um grito exaltado. Todos o obedeceram relutando do fundo de suas almas.
Excerto o próprio Angus, ele não quis escutar o velho líder, ele não queria dar-se por vencido, era orgulhoso demais para render-se para um miserável intruso. Apesar da dor, ainda tentou com o braço esquerdo que estava livre furar um dos olhos do sujeito, mas assim que sua mão alcançou a altura da cabeça do adversário outro feixe de escuridão o repeliu. Sem perder tempo “Vassam” com o mesmo punho que o partiu os ossos do braço deu-lhe uma feroz martelada bem no meio do rosto, quebrando-lhe os óculos que usava até então, que caíram com cada aro circular para um lado de seu nariz quebrado que imediatamente começou a sangrar. Em seguida outra pancada, e mais uma. Seu rosto agora ensaguentado já o deixava totalmente desorientado. O agressor agarrou-lhe pelo pescoço e o levantou sem esforço algum. Olhou em seu olho, no que ainda encontrava-se aberto, e com um sorriso torto falou com uma voz que agora soava mais estranha do que nunca:
- Você deveria escutar um pouco mais o seu líder... Moleque – parecia que ele iria o dar um golpe de misericórdia quebrando o pescoço com apenas a mão que o estrangulava, mas fez uma careta e o jogou de volta no chão.
Aquela voz lembrava muito, principalmente aos que participaram da caçada do dia anterior com Angus, o som que aquela criatura capturada emitia. Era como várias pessoas diferentes falando ao mesmo tempo acompanhadas por um tom bestial mais baixo que inquietava qualquer um que escutasse. O som de um Jotun.
- Já basta! - berrou Nacasiba – Já entendemos! O deixe em paz! - pediu inquieto - Você já tem a atenção de todos, por favor, diga logo a que veio... - fez uma relutante pausa recuperando o fôlego e então prosseguiu – ...Locke.
Assim que aquele nome foi proferido, uma nova onda de exclamações e sussurros rompeu o silêncio, mas logo a silenciosa tensão da situação voltou a formar-se.
- Claro... - respondeu calmamente “Vassam” - Agora não a mais motivo para manter-se o mistério sobre minha aparência não é mesmo? - sorrio o intruso.
Logo aquela estranha escuridão começou a brotar de sua pele, que se desprendia do rosto e dos braços, assim como pequenas partes de um frágil tecido. Pequenos pedaços leves como cinzas de um incêndio começavam a cair lentamente enquanto aquela forma de um conhecido de quase todos os membros ali presentes começava a se tornar outra coisa. Aos pucos aquilo ia crescendo, tomando forma, e não se demorou para que Vassan se tornar algo completamente diferente. Um ser alto e esguio, com mais de dois metros de altura, que trajava uma túnica escura, rasgada e cheia de remendos que emergiam da escuridão junto com o resto de sua roupagem. Recobrindo suas costas e sobre seus ombros havia um enorme capuz feito da pele de algum animal de pelo muito escuro, que naquela criatura mais parecia uma juba negra de leão. Sua face era escondida por um tipo de turbante desbotado que deixava apenas seus olhos visíveis. Dois profundos e cinzentos círculos brilhantes no meio de esferas negras. Seus braços eram compridos com grandes mãos de dedos grossos dos quais se projetavam ásperas e curtas garras. Sua pele era de um cinza azulado, ressecada e em várias partes até escamosa. Em alguns pontos possuía marcas, que mais pareciam feridas, mais claras que o resto do tom da pele, que a luz das velas do local chegava a emitir um pálido brilho.
A transformação não demorou mais do que alguns segundos, deixando a todos mais pasmos e tensos do que já estavam, a única coisa que permaneceu igual a antiga pessoa que ali estava foi o brilhante anel prateado no indicador direito da criatura, que até então era um mero detalhe que passou despercebido aos olhos de todos. - Vim aqui, o convidar para... Conversar, velho amigo – falou para Nacasiba fazendo uma truncada reverência logo após revelar-se.
O velho demorou um pouco para avançar, observou a criatura por alguns segundos, não era possível ver sua feição. Por fim foi aproximando-se calmamente cada vez mais, ele respondeu:
- E se eu recusar... Locke? - aparentemente a multidão a sua volta ainda se surpreendia sempre que o velho falava aquele nome.
Agora era possível sentir o cheiro daquele invasor... um forte odor de algo queimado. Pareciam que haviam jogado várias penas de ave em fuma fogueira. Algo muito forte e repulsivo.
- Hum, então mais pessoas além dos que já se prejudicaram com minha chegada iram... ãhn, você sabe – abaixou a cabeça e fitou novamente o derrotado Angus implicando que esse seria o mesmo destino dos que tentassem o enfrentar.
- Pois bem, estou aqui na sua frente. Conversemos - respondeu calmamente o velho mascarado, sem demonstrar nenhuma emoção.
- Não aqui, não, não. - a criatura contraia os braços - Em outro lugar velho amigo. Tenho muito para te falar. Muito para te mostrar. - coçava uma daquelas marcas brancas em sua pele com as garras de seus dedos.
O velho mascarado respirou fundo:
- Locke...
- Se você não houvesse se escondido de mim aqui embaixo da terra... - o interrompeu agressivamente com aquela voz que mudava de tom em tom, nenhum menos assustador - eu... hhumm... - a criatura fechou os olhos e respirou fundo, sua respiração era sonora como a de um grande animal, aparentava ser muito transtornada – Duas décadas... Duas Décadas, velho amigo. – ria maldosamente - Podemos ir, ou preciso mostrar que não estou de brincadeira? - enquanto falava, aquela sombra negra começava a emanar de suas mãos como chamas.
- Tudo bem Locke, farei o que você quer, mas com uma condição: Você não vai machucar mais ninguém do Sedoc...
O intruso agora frente a frente com o velho mascarado abaixou-se um pouco e o encarou profundamente por poucos segundos com aquelas orbitas negras. Era imenso comparado com o velho, se por algum motivo decidisse quebrar o pescoço daquele senhor facilmente o faria. Por fim respondeu:
- Se ninguém tentar nada de estúpido velho amigo, nada de estúpido... E... Se você colaborar... Teremos um trato. - então olhou envolta para todos que o observavam com medo ou escarnio. Por fim esticou lentamente a escamosa mão direita.
Demorou um pouco para que o velho se movesse novamente, mas logo apertou sua enorme mão, que foi firmemente segurada pela criatura. Locke então com a mão livre fez menção de pegar algo em sua túnica.
- Lembre-se de nosso trato! - interveio o velho tentando manter a calma sem saber o que a criatura sacaria de suas roupagens.
Sim, sim... não se preocupe, velho amigo – rui monstruosamente – Você sabe que sou um homem de palavra – falou com ironia distorcida por sua voz espectral -... Isso é apenas nosso meio de sair daqui...
Essa ultima frase captou a atenção de todos do lugar, que aflitos esperavam para ver que truque o intruso teria na manga.
Então a criatura completou seu movimento e tirou de sua túnica uma peça talhada em pedra com formato circular, do tamanho de um pires de chá. Então aquelas sombras negras emanaram de sua mão esquerda para o tal objeto, que manifestou um circulo de caracteres rúnicos em vermelho em sua superfície. A ação foi seguida por uma repentina explosão de luz que momentaneamente cegou todos os presentes no local. Num piscar de olhos, os dois desapareceram bem na frente de todos em um estridente estalo, deixando o piso de pedra talhada aonde os pés dos dois se apoiavam todo chamuscado em um vermelho escuro.
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Post by JP Vilela on Feb 2, 2013 20:07:18 GMT -5
Mais um mês... mais um cap... Estou esperando sua opinião tática Moon xD Capítulo 5 – A Primeira Onda – parte 2 Capítulo 5 – A Primeira Onda – parte 2
- Mas o que diabos aconteceu? - exclamou exaltado o ex-recruta Heitor, rompendo o resto de silêncio que havia na câmara antes de uma explosão de barulho.
Imediatamente várias das pessoas mais próximas a Angus correram e ajoelharam-se para socorrê-lo. Muitas das outras ainda estavam pasmas com aquele repentino acontecimento, tentando entender o que haviam visto.
- O que aconteceu? O que aconteceu? Locke aconteceu! - Respondeu Cásia Damon de seu acento, lá ela havia permanecido petrificada logo que a criatura havia se revelado para todos.
- E por que ninguém o atacou? Por que ninguém ajudou Angus? - continuou Heitor indignado.
- Você não sabe? Claro que não seu estúpido, você é um maldito recruta – falou nervoso um dos membros mais antigos que estava ao lado direito do “veterano” – O Aesir Caído podia e ia matar todos aqui se Nacasiba não tivesse cooperado. - fez uma breve pausa para respirar fundo esperando ver o que o recruta responderia, este só o devolveu um olhar de desprezo e incompreensão, o homem continuou – Você nunca ouviu as histórias? Olha! Olha! - apontou o homem bravo para o ex-instrutor ferido - Ele quebrou Angus com os punhos... ele quebrou um cavaleiro Jarl! Um Jarl! Você queria mais?
- Aqui tem no mínimo quarenta de nós! Poderíamos ter lidado com aquela coisa! - insistiu na discussão.
- Pelos antigos moleque! Você não sabe de porra nenhuma! - rangeu os dentes desviando o olhar - Devia pelo menos conhecer nossos inimigos já que não é mais um recruta! - então voltou para olhar para o ex-recruta – Espera ai, você não é aquele fracassado que já vem treinando a seis anos sem fazer nada que preste? - perguntou o encarando com deboche.
Heitor agora estava pronto para começar a discutir com os punhos com aquele nervoso sujeito quando Cásia Damon voltou a falar agora com toda a força que tinha na voz.
- Já chega vocês dois! Eu quero ordem! - esbravejou tentando organizar o alvoroço que havia se tornado aquele salão.
A grande maioria calou-se, a final ela era membra da Mesa dos Principais, todos lá a deviam respeito.
- Vocês ouviram. Agora temos que nos organizar – completou nervoso o senhor Radimir Valentim, esfregando a mão no rosto tentando pensar em qual seria o próximo passo enquanto enxugava o suor gelado que escorria de sua testa.
Ao ver que Angus já estava sendo levado para a enfermaria virou-se para sua colega de mesa, que estava tão nervosa quanto todos os outros ali.
- Como isso tudo foi acontecer Radimir ? - indagou Cásia Damon voltando a sentar-se – Como ele conseguiu entrar aqui disfarçado de um dos nossos?
Humm, você que me diga. Ele é o Locke, Cásia... - respirando fundo Valentim foi olhando o povo agitado que havia sobrado no salão antes de continuar – Não sei como fez, mas era de se esperar um feito desse vindo de alguém como “ele”, deve ter achado um jeito de nos espionar... e... e ficou esperando até o dia onde aconteceria algo do tipo... Muitos de nós em viagem mundo a fora... E os que estavam aqui, todos reunidos em um único lugar, em uma comemoração. Quando nossa guarda estaria a mais baixa possível, perfeito para ameaçar Nacasiba a não reagir... - riu enquanto contemplava a esperteza da criatura – ele esperou pelo momento perfeito. Que desgraçado.... Eu... Eu já disse ao velho que não estávamos protegidos o bastante. – parou para observar o chão queimado onde a criatura e o velho estavam – Você viu não foi? Ele usou uma runa estranha para sumir. O que você acha que era?
Enquanto Valentim falava, Damião Aerrierf escutava a conversa lá de trás, do mesmo lugar donde estava quando tudo aquilo começou. Estava tão indignado quanto Heitor. Não sabia muito bem o que pensar daquilo tudo no momento então resolveu manter-se ali em silêncio enquanto podia ouvir a conversa daqueles dois mais a sua frente.
Sentia como se a vida havia acabado de lhe aplicar uma brincadeira de mau gosto, sabia o quão incrivelmente grave era a situação para todos, mas o rapaz passou muito mais do que esses dois anos que tinha vivido como recruta do Sedoc esperando para ter a tal conversa com o velho Nacasiba. Assim que havia cumprido sua parte da barganha, treinado a exaustão para tornar-se um dos melhores do grupo dos recrutas, perdido noites e mais noites estudado a história e a simbologia dos Aesir, aprendido línguas que não o interessavam, aguentado toda a pressão que o desgraçado do Angus fazia sobre ele, agora que ele tinha se tornado um Aesir de fato, um membro oficial daquele complexo, aquela coisa apareceu e sequestrou o velho, simples assim. Sentia-se nervoso, frustrado, enganado, e sem saber o que fazer.
Mas engoliu tudo aquilo e tentou voltar a situação atual, sabia que não era apenas ele que havia perdido algo muito importante naquele momento. Os dois a sua frente pareciam terem esquecido que o rapaz estava a apenas alguns metros escutando claramente cada uma de suas palavras.
-Vou mandar grupos revirarem o complexo para ver se não houve mais vitimas ou armadilhas, ou qualquer coisa que ele possa ter deixado para trás – inalou profundamente mais uma vez o senhor Radimir, estava nervoso e com as mãos levemente tremendo, não era líder para esse tipo de situação – Os cofres, nossas pesquisas... deus...
Olhou para o ex-recruta Heitor que ainda estava por lá discutindo com outras pessoas e falou com voz alta para ser bem ouvido
– Você! Chame o líder dos guardas, quero ele aqui imediatamente!
Heitor virou a cabeça e acenou positivamente para o senhor Valentim assim que recebeu a ordem e disparou em direção ao arco de saída do salão ignorando as pessoas que o falavam mal.
Cásia Damon permaneceu pensativa por alguns segundos observando a chama das velas que brilhavam sob a mesa em que estava sentada.
- Precisamos alertar Nortglast, Radmir... Precisamos pedir reforços! - olhando de volta para o colega de mesa.
- Ah... Claro... Claro, escreverei uma carta para eles agora mesmo... - ia fazendo menção de retirar-se quando Cásia o interrompeu:
- Arhg! Não Radimir. Uma carta leva meses para chegar lá. Precisamos nos comunicar imediatamente...
- Como assim? - perguntou Valentin confuso.
Cásia o olhou nos olhos enquanto balançava negativamente a cabeça.
- As vezes me esqueço que você não é um Aesir e sim um maldito comerciante, mas tudo bem... - virou-se para a o fundo do salão – Você!
Pegando Damião um tanto quanto de surpresa, ele realmente estava começando a acreditar que eles tinham se esquecido dele ali atrás.
- Aerrierf certo? - continuou impacientemente Cásia ao reconhecê-lo.
O rapaz apenas acenou positivamente com a cabeça.
- Quero que vá ao quinto andar e chame o senhor Laurence Giovane... Creio que vocês dois são amigos certo? - e então o rapaz acenou positivamente mais uma vez – Traga-o aqui, o mais rápido possível. Diga a ele que quero falar sobre as Pedras Fundamentais.
- Sim senhora... - falou Dami, perguntando-se o que Laurence tinha a ver com essas tais pedras.
- Ah, e Aerrierf... - intrometeu-se o senhor Valentin - tenha cuidado ao descer... não sabemos o que Locke pode ter feito enquanto estava aqui. Fique de olho nas runas de alerta.
- Hhumm... Sim Sr. Radmir – pelo pouco que o rapaz sabia sobre o Locke, se ele tivesse deixado para trás qualquer tipo de armadilha rúnica, dificilmente seriam detectadas pelas defesas do complexo, mas não quis comentar nada.
E com isso Damião rumou depressa para fora do Salão Comunal.
No seu primeiro ano como recruta do Sedoc, enquanto estudava sobre a história dos Aesir, havia visto que Locke foi um grande líder dos Aesir do norte. Um homem a quem jugavam ser o mais habilidoso de todos, um grande guerreiro estudioso das runas e da alquimia, mas que em uma guerra foi envenenado por um traidor, virando um Jotum sucumbindo a loucura e sumindo. Foi por muito tempo temido pelo que havia se tornado, mas por ninguém mais ter notícia de seu paradeiro, foi considerado morto por muitos. Acabou virando um mito, o mito do Grande Aesir Decadente, o Aesir Caído, entre outros nomes, um exemplo do perigo dos Jotuns.
Enquanto descia para os andares inferiores pensava no que acabava de ter ouvido e no conselho que havia recebido por ultimo. Será que aquele Locke fez mais alguma coisa dentro do Sedoc fora o que havia acabado de presenciar? E com essa pergunta correndo em sua mente imaginou uma centena de péssimas situações com as quais poderia deparar-se, gente ferida, gente sumida, gente morta, alem da grande probabilidade da criatura ter roubado algo de valor do local. Imaginou se aquela coisa poderia ter machucado mais alguém que ele conhecia e se importava, alguém importante... diferente de Angus.
Poderia ter sido Laurence, já que ele trabalhava no quinto andar, onde ficam todos os laboratórios e todas as pesquisas esquisitas com Jotuns que e coisas do tipo. Fora os cofres com todos os tesouros importantes do lugar. “Aquele branquelo não teria a minima chance...” Pensou.
Mas passando pelo longo corredor em direção as escadarias que levavam para os níveis inferiores do complexo, lembrou-se de mais alguém que não estava presente na cerimônia: A enfermeira Rachel. Então virou-se e voltou correndo em direção ao Salão de Cura. Quando estava se aproximando pode ver a enfermeira chefe Aline, em frente a pesada porta de madeira que dava acesso a câmara.
- Senhora Aline! Onde estão as enfermeiras? - Perguntou o rapaz.
- Ah, estão todas ai dentro. – respondeu a enfermeira chefe tão agitada quanto qualquer outra pessoa no complexo – Você está ferido rapaz?
- Ah não, eu não... – apenas procurava por Rachel – Apenas checando...
- Bem, como disse elas estão ai, prontas. Não sabemos quantos vamos ter de socorrer.
- É.. nem eu... - falou preocupado enquanto adentrava na enfermaria.
Varreu toda a câmara com os olhos até que logo viu os volumosos cabelos castanhos amarrados de Rachel ao final do salão. Parecia que estava escrevendo os horários das medicações dos pacientes em um quadro próximo a uma maca com alguém deitado. Aparentemente ela estava bem, muito embora o rapaz possa perceber a distância que ela parecia nervosa, ele sabia muito bem o motivo. Provavelmente Gregório ainda não havia retornado. Queria ir lá, mas não tinha o que falar para moça, então se retirou de volta a sua atual tarefa. Com o canto do olho viu Angus recebendo os primeiros socorros enquanto reclamava com uma das jovens enfermeiras, por mais que o odiasse sentiu pena do rude sujeito. Mas logo previu que como era do feito do ex-instrutor logo já estaria de pé mesmo com a cara e ossos quebrados e sua pena logo foi-se.
Tirando essa dúvida Damião desceu o mais rápido que pode as centenas e centenas de degraus que levavam para o mais baixo andar do Sedoc, fora aqueles dois, não tinha muitos amigos para se preocupar.
Quando chegou no local não notou nada de errado além dos vários Aesir que já estavam por ali verificando se tudo estava bem. Pensou em dar um pulo no corredor onde ficava a imensa porta fortificada do cofre de tesouros, para saber se lá estava tudo bem mas tomou o outro corredor que levava para o laboratório onde o amigo costumava trabalhar. Encontrou a maciça porta de madeira que dava acesso a câmara trancada por dentro, então o rapaz desferiu sólidas pancadas contra a porta. Demorou um pouco para se ouvir qualquer reação do interior até que Laurence perguntou:
- Quem é? - com a voz abafada pela espeça porta.
- Ah.. .Dami... Vamos Láu, abra aqui! - estava um pouco sem fôlego pela longa descida.
- Dami? - soou surpreso - Tudo bem... só... espera um pouco...
O som de papeis sendo rasgados e livros sendo fechados podiam ser ouvidos de trás da grossa porta. Algo foi jogado ao fogo, o que não deixava de soar estranho. Até que se escutaram os baques e rangidos de fechaduras sendo abertas e Laurence Giovane abriu a porta com um desconfiado sorriso encarando o amigo. Damião devolveu um olhar tão desconfiado quanto.
- O que você está fazendo aqui embaixo? - perguntou o loiro rapaz um tanto quanto surpreso - Não deveria estar na cer...
- Láu, escuta... - fitou o estudioso sujeito com seriedade antes de prosseguir – uma coisa... um cara.. ah.. Locke invadiu o Sedoc e sequestrou... o Velhote.
Laurence o espiou com um sorriso esperando o resto de uma piada por um momento, vendo que Damião continuava a o encarar de maneira séria falou:
- Vamos Dami... que brincadeira é essa? - arrumando a loira franja bagunçada incrédulo.
- Não é brincadeira Láu, Cásia Damon está te chamando – falou enquanto apontava para a direção das escadarias - Falou que era algo sobre... as Pedras Fundamentais e Norglast , é urgente - frisou.
- Ah... Tudo bem. – falou sem intender muito bem - Mas isso é muito sério Dami...
- É sério Láu.... – o encarava com sinceridade em uma expressão um tanto quanto cansada.
- ...Se isso for algum tipo de pegadinha da tua cerimônia....
- Arhg! Vamos logo Láu. - falou perdendo a paciência e saiu puxando o amigo pela gola de seu casaco.
Os dois começaram a subir o longo caminho de volta ao primeiro andar do complexo. Ao longo do trajeto Laurece foi observando que o que seu amigo havia lhe dito não era brincadeira no final das contas, ou isso ou ele teve de convencer muita gente para participar dela. A cada lance de escada, passavam por várias e várias pessoas nervosas que conversavam sobre o assunto. Chegando no salão comunal pouca gente havia restado. Cásia e Radmir não encontravam-se mais lá.
- Ah, Dami... isso foi Locke que fez? - peguntou Laurence ao ver o chão queimado aonde a criatura havia sumido misteriosamente.
- É - respondeu sem animo.
- Interessante... - falou enquanto arrumava os óculos observando com fascínio aquela rubra marca.
Todos sabiam que acima de tudo Laurence era um estudioso. Alquimia, ciência, as antigas artes rúnicas, tudo o interessava e o fascinava muito. Mas o loiro sujeito logo voltou a realidade e seguiu com o amigo procurando por seus superiores.
A dupla foi informada que eles tinham ido para o Salão de Cura falar com Angus. Então os dois deram meia volta e tomaram o longo corredor até lá.
- Então... Láu... - falou Damião tentando pensar em algo que não fosse o sequestro do lider do lugar - Me lembre... o que são essas pedras fundamentais...
Mas era inevitável para o rapaz tirar aquilo da cabeça, até por que ele e Nacasiba foram interrompidos no meio daquela importante conversa.
- Humm... como você não sabe? Não estudou isso, recruta? - brincou descontraído como se não estivessem lidando com toda aquela repentina crise.
- Argh... Estudei – respondeu o mais educadamente que consegui no momento – E estudei sobre tantas pedras nesses últimos anos... Que as vezes me confundo. Sabe como é né? - forçou um sorriso – Os Aesir e todas as suas malditas pedras... - suspirou.
- Hum... Dami, essas Pedras Fundamentais são o nosso portal de acesso direto com as outras grandes fortalezas Aesir, diz a lenda que foi por que elas já estavam aqui que o Sedoc foi construído onde está, adjacente a elas. Dizem que elas são um dos mecanismos deixados pelos Antigos...
- Ah... isso mesmo! Sabia que eram elas – mentiu, disfarçando piamente sua falta de conhecimento - Então Cásia quer usá-las para ir direto falar com os líderes de Nortglast...
- Isso mesmo. E acho que é o mais correto a se fazer em uma situação como essa. - completou Laurence suspirando – Nossos outros inimigos podem se beneficiar dessa situação.
Os dois passaram pelas portas da enfermaria direto até o fundo da grande câmara onde Cásia e Radmir estavam. Com eles se encontrava Angus sentado em uma das camas do local, com rosto inchado enfaixado por várias bandagens e ainda sujo de sangue mal coagulado. Seu braço estava preso a suportes de madeira laçados ao seu peito para que não se meche. - Ai estão vocês – falou Cásia ao perceber a dupla - Muito bem. Sr. Giovane, creio que o Sr. Arieeerf deve ter o informado do que queremos do senhor.
- Ahn.. sim – confirmou Laurence com pouco ânimo.
- Pois bem, vá com o Sr. Valentim, ele se certificará de que você tenha tudo que necessita para abrir uma ponte entre nós e Nortglast.
- Muito bem – concordou Laurence – Mas... posso saber quem irá falar com os Líderes chegando lá?
- Eu – respondeu Cásia sem pestanejar.
- Claro, claro... Imagino que irá levar um guarda costas? - após a pergunta o pálido sujeito abriu um leve sorriso.
Cásia fitou-o no fundo de seus olhos por trás dos óculos que usava. A senhora Damon sempre tinha olhos frios e julgadores, demorou-se alguns segundos e então ela continuou:
- Claramente isso não é da sua conta, Sr. Giovane. Mas sim levarei um.
- Isso é muito bom. - continuou com eloquência -Veja senhora Damon, pelo que estudei o custo energético para levar duas pessoas pela ponte é o mesmo gasto para se transportar até quatro indivíduos, o que seria um desperdício. Então proponho uma condição. Quero ir também. Eu e meu amigo aqui – dando uma fofa tapa nas costas de Damião.
- Mas o que? - falaram quase que ao mesmo tempo Damião e Angus.
- Isso é realmente necessário? - indagou Cásia.
- Senhora Damon – sorriu Laurence com enquanto arrumava os óculos - não perderia a oportunidade de usar pessoalmente a ponte das Pedras Fundamentais por nada nessa vida. Isso sem contar que Nortglast possui algum elementos alquímicos que me seriam bastante ú...
- Tudo bem! Tudo bem! - concordou impacientemente Cásia – Mas por que justo o senhor Arieeerf? Laurence a olhou despretensiosamente, em seguida olhou para o amigo, e de volta para Cásia.
- E por que não? Preciso de alguém... - reduziu o tom de voz – para carregar minhas compras...
- Humpf... - bufou a senhora Damon com ar de superioridade -Faça como quiser Sr. Giovane. Mas faça os preparativos rápido, nossa situação urge! É uma ordem!
- Huum, que bom que pudemos nos entender Srª. Damon – falava enquanto fazia uma breve reverência. - Sr. Valentim, Dami. Me sigam. Vou precisar de ajuda. - Assim que falou, virou-se sorrindo e rumou para fora da enfermaria.
Radmir e Damião entreolharam-se o seguiram em silêncio câmara a fora.
Cásia sentou-se em uma cadeira que estava ao lado da cama de Angus. E acompanhou com os olhos a saída do trio. Virou para um das enfermeiras que lá estavam cuidando de Angus e pediu que a servir um calmante. Logo em seguida, ordenou que as enfermeiras saíssem da câmara por um instante e os deixassem a sós.
- Não gosto disso. Um desses moleques nos chantageando. Ahrg... não podemos chamar mais ninguém para fazer o ritual? - perguntou Angus. Estava fanho por causa do nariz quebrado.
- Não... – suspirou Cásia - O único que oficialmente sabe operar as Pedras é Nacasiba.
- E por que esse Giovane sabe? - indagou fazendo cara de dor ao mexer o rosto machucado.
- Humm... foi culpa minha. Precisava que mais alguém soubesse em caso de emergência.
- Arhg... Cásia – a olhou com raiva, entortando o rosto dolorido - De todos os homens confiáveis e moleques estúpidos, mas confiáveis também, você escolhe logo aquele sujeito, logo o mais espertinho? Você sabe o quão errada você está em ter permitido isso?
- Sei Angus... E me responsabilizo por meus atos – Respondeu com um suspiro - Será que se William Azec estivesse aqui, ele teria impedido Locke?
Pensando em uma resposta Angus repousou sua cabeça de volta no travesseiro de sua cama.
- Não sei. Ele e Alexis poderiam ter cuidado da situação de uma maneira diferente. - Suspirou o ex-intrutor enquanto ajeitava-se dolorido -
- É a segunda vez que acabo fazendo merda na vista de todos... não devia ter... ahrg! - Socou o colchão com o braço que não estava quebrado, fazendo a cama quase saltar, logo em seguida gemeu por causa do movimento.
E com esse desabafo o Jarl virou-se para o outro lado da cama ficou em silêncio.
Angus era o mais jovem membro da Mesa dos Principais. Ele era qualificado para o cargo que ocupava, era um grande soldado e um apto guerreiro, mas seu maior defeito, era ser arrogante nas piores horas. Algo que fazia com que muitos não gostassem de sua pessoa, e questionassem se ele realmente era merecedor do título de Jarl do Sedoc.
Capítulo 5 – A Primeira Onda – Fim.
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Post by moonlance on Feb 8, 2013 21:28:25 GMT -5
Sr. Virgo,
Então, desculpe se atrasei um pouco mais a leitura. Na verdade, li a primeira parte até o momento, e tenho diversas coisas a comentar, ainda que gostaria de já ter lido todas as partes para ter uma visão mais ampla da história que você está escrevendo.
Então, vamos à crítica.
Nessa primeira parte, aquilo que eu achei de mais fascinante, foi a entrada naquele castelo ou forte-masmorra. É muito legal a idéia de quantas escadarias o suposto protagonista tem que descer até achar a sua câmara-pessoal. Mas não ficou claro se havia janelas ou não!!! (embora eu acredite que não). Eu acho que você descreveu muito pouco, e muito mal portanto, aquele lugar que parecia ser incrível; desperdiçando uma chance no texto de fazer algo realmente impressionante (e portanto, legível xD; que dá realmente vontade de continuar explorando o local). Até porque a torre, a cidade, o mercado, os caminhos, eles não tiveram nada de interessante: muito monótonos, ordinários e burocráticos. Saiba que, no meu entender, um bom escritor de Fantasia seria capaz de tornar até ambientes comuns em ambientes fantásticos; faltou um pouco isso eu achei nessa primeira parte que li. E a na hora que tinha algo que NÃO parecia ser nada comum, você parece que "nem dá muita bola" pro que você mesmo criou. Acho que você está tendo uma dificuldade, inicial acredito, de aprender a valorizar a ambientação através da literatura. Como bem observou a Ursa, você realmente poderia se inspirar em modelos mais objetivos e diretos (e.g.: narrativas de livros-jogos), ou mais descritivos (e.g.: Tolkien); mas o seu estilo descritivo nessa primeira parte não está ainda no ponto, nem pra ambientes, nem pra personagens; acredito que se você focar mais em tentar caprichar no desenvolvimento do seu estilo, conseguirá mostrar outras facetas do seu mundo, através de abordagens mais instigantes, lendárias, fascinantes, épicas até; falta uma estética melhor para suas ambientações. Já chego nos personagens.
Seus persogens até agora parecem também, assim como os cenários, essencialmente muito ordinários e previsíveis. Não que esse tipo de personagem não possa existir; mas então você deveria enriquecer (exagerar) AINDA mais eu diria, esse aspecto grosseiramente urbano e ordinário (nos dois sentidos) deles. De modo que, fico sem entender claramente o que você está tentando MOSTRAR através de seus personagens; acho que valta uma maior descrição de minúcias em seus comportamentos e ações e etc., ainda que o herói tenha passado muito pouco tempo com cada um deles até então. Você poderia enriquecer muito, sem precisar escrever dezenas de parágrafo para isso. O escritor ele escreve aquilo que ele quer que o leitor saiba; ele pode resolver foca naquilo que realmente poderia ser interessante mostrar; acho que você não está fazendo as boas escolhas no que mostrar ainda. O velho do portão, por exemplo, parecia ser uma rica figura pra ter ali uma descrição mais minuciosa, ou ali naquela cena haver ocorrido um diálogo ou situação inusitada.
Tipo, está tendo uma grande proporção de ambientes e personagens PREVISÍVEIS (e por isso uma monotonia), em relação a uma propoção dessas mesmas coisas, só que mais ousadas; precisa trabalhar melhor sua inspiração, ou talvez, fazer melhores escolhas do que mostrar, e como mostrar, através das palavras.
Mas bem, não sou crítico literário, e tampouco escritor qualificado para falar muito; mas fico com a ligeira impressão de que você, nessa primeira parte, esteve mais tipo meio que "jogando" as cenas sem muito se importar com o refinamento. Talvez porque estivesse segurando na mente durante muitos anos essa idéia e queria "jogar" logo tudo pro papel. Mas são tudo apenas hipóteses.
Em todo caso, estou curioso pra saber o que acontecerá além. Espero ser bem surpreendido, ou simplesmente deverei parar de ler, depois evidentemente, de ter lido tudo o que você já postou aqui. xD
Há também uns erros ortográficos, gramaticais, de concordância; a pontuação poderia melhorar também... Alguns trechos estranhos que catei: xD
Mais parecendo uma pequena muralha circundavam o que parecia um armazém fortificado.
O homem que se manteve silencioso durante todo o percurso fala ao longe com o rapaz que já estava se despedindo do outro homem:
Evite esse negócio de colocar "O homem" (qual?) e depois "outro homem" (qual???), visto que nenhum dos usos ficou claro, já que havia mais de um homem. Tivesse-os chamado de uma forma mais precisa (era possível fazer isso já nesse estágio do texto), teria ficado bem mais fluida a leitura, pra não dizer mais interessante; evite repetir palavras iguais na mesma frase; é uma "rule of thumb" na minha opinião.
Obs: Entenda minha crítica "literária" como uma forma de incentivo a aprofundar suas próprias técnicas e estilo.
No que se refere ao RPG Play-by-Forum (que tem a ver com textos), no entanto, você tem feito um excelente trabalho em geral; não entendo claramente como a sua primeira parte desta história aqui possa ter ficado tão ruim assim. xD
PS: em termos de personagem, a única descrição realmente mais aprofundada e marcante acho que foi a do condutor da carruagem de olhos âmbar com cinturão de adagas exóticas. Porque parou por aí?
PS2: o seu protagonista é o personagem mais IMPORTANTE de sua história; ou pelo menos é que deveria ser em geral; visto que, usualmente, é quem o leitor acompanha na história até o fim. Como ele pode ser TÃO DESINTERESSANTE??? A única coisa que gostei dele até agora é o nome e o sobrenome... Já é um começo. xD Mas é muuuito pouco. Não estou dizendo que o protagonista tem que ser exótico ou extravagante; mas ele tem que ser INTERESSANTE de algum modo; não vi nada disso ainda (além de seu nome completo) xD E provavelmente vou DESTESTAR se ele (ou o autor) estiver "escondendo o jogo" pois é só o começo da história. Se até o Aragorn, que é herdeiro de reis, e que, enquanto Passolargo deseja ficar nas sombras do mundo, ele consegue ser instigante já no início com seu ar assumidamente sombrio na escuridão da fogueira do Pônei Saltitante, em O Senhor dos Anéis. Em outras palavras, se o seu herói tem algo de interessante a oferecer, então porque não oferece (ainda que não seja a sua real face)?
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Post by JP Vilela on Feb 8, 2013 22:21:47 GMT -5
Caraca Moon! Que critica INCRÍVEL! ((((((((((((((((:
Sério, gostei muito de cada defeito que você apontou. Cada tópico que você levantou também foi muito justo e válido. Não tenho nada para reclamar.
Tenho que confessar que essa parte que você escreveu aqui:
"Mas bem, não sou crítico literário, e tampouco escritor qualificado para falar muito; mas fico com a ligeira impressão de que você, nessa primeira parte, esteve mais tipo meio que "jogando" as cenas sem muito se importar com o refinamento. Talvez porque estivesse segurando na mente durante muitos anos essa idéia e queria "jogar" logo tudo pro papel."
É bem isso mesmo. Venho construindo esse mundo e esses personagens a anos, e sem muita técnica ou embasamento, resolvi mostrar as pessoas o que eu tinha criado. Foi a primeira vez que eu escrevi algo do tipo. Acho que fora isso, só havia escrito redações escolares vagabundas. Bem, e foi que foi, sem técnica, sem noção... apenas com a história em mente.
Mas acho que, como os meus desenhos quando comecei a desenhar "pra valer", os meus textos são fracos, ruins e cheios de falhas. O que não vou fazer é desanimar, vou continuar. Nem que seja um capítulo por mês. E comentários como esse seu ai em cima são o que vão fazer com que os textos e provavelmente toda a minha história, melhorem. Algo que aprendi com o tempo que venho tentando deixar de ser menos horrível no desenho é que para melhorar, você precisa dar a cara a tapa e ouvir o que os outros tem a dizer, alem de ter o interesse em progredir cada vez mais.
Bem, só posso escrever mais uma coisa: POR FAVOR MOON, CONTINUA! Agora sim quero ver o que você vai achar dos outros capítulos. Aguardarei ansioso.
Até mais. o/
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Post by moonlance on Feb 8, 2013 22:36:01 GMT -5
Com certeza, continuarei lendo. Evidentemente, espero que a história se torne mais interessante nas próximas partes, e especialmente nas próximas que ainda estão por ser escritas. Em todo caso, espero ser positivamente surpreendido em algum momento.
Eu também ando tentando escrever Fantasia como já deve saber; mas muito tenho sofrido porque não tenho o hábito e a expertise desse métier. É como se eu tivesse esquecido tudo que sei de Desenho, e tivesse que começar do 0 de novamente! E estranhamente, isso não deixa de ser motivador, por um lado.
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Post by moonlance on Feb 20, 2013 9:05:59 GMT -5
Bem, terminei de ler o Capítulo 1.
A forma como encerrou esse capítulo é meio tradicional demais; acho que mereceria ir mais longe, até realmente acontecer alguma coisa importante. xD; tá muito "O Hobbit" no começo; e isso não parece ser bom, considerando-se o histórico de obras que já existe hoje.
De qualquer modo, a história está fluindo/engatando um pouco melhor; e parece haver maior número de descrições interessantes nesse estágio, embora ainda não estejam no ponto, pois eu diria que o principal problema seria o entorno cultural 'da época' que você procurou desenvolver: não é claro ou profundo o suficiente em termos ou de fantasia ou de verossimilhança; nesse sentido, a ambientação sócio-cultural das relações humanas também fica nebulosa; mas talvez isso seja uma exigência literária minha muito alta xD. Em todo o caso, o modo de falar dos personagens e suas expressões poderia contribuir mais para desenvolver a atmosfera cultural; às vezes, ver eles dizendo expressões atuais (e.g.: "pegar a enfermeira") parece pouco interessante para uma melhor imersão; não é errado, mas, na ânsia de escrever todo o texto, o conjunto das escolhas poéticas talvez poderiam ter sido mais bem conceituadas.
Enfim, apesar do capítulo encerrar desse jeito, acredito que o que está por vir venha a ser relevante. xD Então lerei a seguir; acho que a história não está evoluindo mal; só ela evolui lentamente, mantendo ou descartando lentamente também, alguns mesmos problemas. xD
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Post by moonlance on Feb 20, 2013 9:21:35 GMT -5
Me ocorreu justamente; não em literatura infelizmente, mas em HQ (no caso, BD), tem uma obra que você deveria ler, e cuja ambientação você deveria conhecer, para entender melhor aonde quero chegar com minhas observações de ambientação sócio-cultura, fantasia e verossimilhança.
Les Sept Vies de l'Épervier
Mas é uma dentre muitas referências que poderiam ser citadas, embora não por mim.
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Post by JP Vilela on Feb 20, 2013 15:14:47 GMT -5
Como sempre, boas observações. Que coincidência você resolver postar hoje, vou dar uma atualizada nesse tópico mais tarde. xD
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Post by JP Vilela on Feb 20, 2013 22:52:27 GMT -5
Bem, como o final do capítulo 5 ficou maior do que eu esperava, decidi transforma-lo logo no sexto... então lá vai: Capítulo 6 – Grandes Círculos - parte 1 Capítulo 6 – Grandes Círculos.
Parte 1 Laurence Giovane, dentre outras coisas, pediu para que o senhor Radmir Valentim agrupasse o máximo possível de membros do complexo em frente às Pedras Fundamentais e disse que logo estaria lá. Antes disso, pediu para que encontrasse o mestre engenheiro do Sedoc, o senhor Gonzalo para ajudá-los nas demais preparações. Ele e Damião atravessavam o corredor dos dormitórios no segundo andar, em direção aos aposentos do mestre Nacasiba na câmara mais distante daquele piso.
- Ahn... Tudo bem com você Dami? - perguntou o loiro rapaz. - Ah... acho que sim... - respondeu Damião cabisbaixo enquanto caminhavam – Láu, vamos mesmo atravessar uma Ponte?
- Sim... Por que? Não quer ver Norglast? - respondeu Laurence sem prestar muita atenção, absorto em seus próprios pensamentos e maquinações. - Ah... não sei. - falou chacoalhando os ombros - Como você falou, acho que reportar a eles é a melhor solução, já que, bem... são Norglast... e... É se o tal Locke for tão perigoso quando dizem por ai... mas... eu – fez uma pausa no ritmo da caminhada - você não acha nós deveríamos ter ido procurar Gregório? - Gregório? - o pálido rapaz parou um pouco para pensar de quem era aquele nome - Ahn... O capitão Gregório? - Locke entrou aqui disfarçado de um dos amigos que saíram junto com ele... e pelo que soube, eles foram caçar um “Jotum”... O rapaz sentia um tanto de remorso por não ter feito quase nada de útil durante ou após o inesperado ataque da criatura Locke. - Oh... - olhou Laurence para as luzes dos candelabros que iluminavam o longo corredor com seus olhos negros e cansados – Dami, se Locke veio como um deles, então ele deve... Provavelmente... Ter...
- Matado eles? É por isso que ninguém ainda foi atrás deles? - completou levemente alterado.
- Sim Dami... se não, eles vão voltar... – afirmou sem segurança na voz - Mas as chances disso são muito pequenas... – respondeu Laurence incomodado.
-Quem é esse Locke? - perguntou enfezado - Quem é ele de verdade?
Laurence por um segundo, relutou em responder ao amigo.
- Arhg... é uma longa história – falou mais uma vez sem segurança - Você deveria saber quem é ele recruta...
- Não me vem com essa de recruta! – esbravejou Damião, já estava ficando doente de ter esse tipo de tratamento - O máximo que descobri sobre ele é que ele é um traidor ou algo do tipo, que é muito perigoso e que tem algo com... os Jotuns... - fez uma pausa para tentar se acalmar um pouco mais - Sabe Láu... – suspirou - Isso é tudo... Isso... E o preço sob a cabeça dele, você sabe... para alguém que o povo considerava morto... ou pelo menos dizem que estava... O irritado rapaz sentia que a história do Aesir Decadente era mal contado por um bom motivo, queria saber mais. Queria saber por que o Grão Mestre do Sedoc fora sequestrado por aquela coisa.
- Humm... pois é. - suspirou Laurence apressando o passo. – Dami, sei o quanto deve ser frustrante não saber o que realmente acontece por aqui..
Neste exato instante Damião estreitou os olhos analisando a expressão do amigo.
- Espera... você sabe mais sobre ele... você sempre sabe mais coisas do que deveria... - disso o rapaz já sabia faz tempo. O amigo era “espertinho”, sabia coisas sigilosas do local, coisas que normalmente uma pessoa em seu posto jamais deveria saber. Coisas que apenas pessoas como Jarl Alexis e Angus eram autorizadas pelo velho mestre do local a ficarem a par.
Olha Dami... – encarou o rapaz, agora muito seriamente - ...Não posso falar nada. Nada aqui... - inspirou – como dizem “as paredes tem ouvidos”, lembre-se disso. - falou baixo.
Damião o fitou e viu a sinceridade em seus olhos, era um pouco desconfiado com Laurence, mas o pálido rapaz era o primeiro e melhor amigo que havia feito no lugar dês de que havia se juntado aos Aesir e ao Sedoc. Concordou com ele e logo seguiram enfrente.
Chegaram a porta de ferro que dava acesso aos aposentos do líder do Sedoc. Feita de metal negro era uma porta bem reforçada, diferente de todas as outras do local que eram simples e talhadas de madeira. A porta negra se encontrava trancada.
- Ah, mas que merda! Vou ter que procurar alguém que tenha uma chave! - falou Laurence apressado já dando meia volta no corredor. Dami acompanhou o amigo com os olhos e logo se abaixou para examinar rapidamente a fechadura trancava a porta. Era bem segura para ser arrombada, mas fora isso ele não viu nenhum símbolo rúnico gravado em sua superfície, logo ela não explodiria fora seus braços se o rapaz tentasse algo mais “ousado”. Virou-se para o amigo e falou:
- Espera Láu, tenho algo no meu quarto que pode ajudar aqui... - falou enquanto disparava corredor afora correndo.
- Hã? - questionou-se Laurence do que o estabanado rapaz faria.
- Vou lá pegar. Espera aqui. É rápido... hhum, bem mais rápido do que procurar alguém que tenha a chave disso pelo menos... - gritou metros afrente.
- Hhumm... tudo bem então.
Dito e feito Damião havia voltado ligeiro, seu quarto era no mesmo andar donde estavam.
- Bem, espero que ao menos seja uma chave Dami...
O ex-recruta sacou duas pequenas peças metálicas compridas de seus bolsos e agauchou-se de frente a fechadura.
Ah.. não acredito que... - sorriu Laurence descrente.
O rapaz tentou por alguns segundos e nada acontecia, guardou cuidadosamente uma das peças em seu bolso e pegou de lá uma outra um pouco mais grossa, e a introduzi-o no buraco da fechadura de metal negro com perícia tentando desarmar o mecanismo. Logo após um breve momento o som da fechadura se abrindo foi ouvido e o rapaz levantou-se abrindo a porta.
- Damas primeiro! - falou o apressado rapaz, orgulhoso de seu feito. - Humm... não sabia que você... - foi falando Laurence ainda mais surpreso por aquilo ter dado certo. - ... é meu filho. - sorriu – Como o um amigo meu diria: Não é uma das habilidades mais bonitas de se ter, mas sem dúvidas é uma das mais úteis. - riu despreocupado pela primeira vez naquela noite.
O cômodo estava escuro, os rapazes pegaram uma velas de um castiçais que estavam no corredor do lado de fora e acenderam algumas outras que já estavam no local. O local era grande, muito decorado também, cheio de pinturas, estátuas de todos os tamanhos e outros tipos de obras de arte de todo o mundo. Era possível ver várias peças que eram de origem das tribos nativas da colônia onde viviam, Lyverith. Vários outros tipos de antiguidades enfeitavam todos os cantos, astrolábios, ferramentas de navegação. Estantes com frascos coloridos, cheios de líquidos diversos, alguns que até emitiam um fraco brilho na ausência de boa iluminação, provavelmente ingredientes alquímicos. A mobilha era de madeira negra, estantes empoeiradas cotiam centenas e centenas de livros e manuscritos. Um cômodo de um verdadeiro erudito. Mas nada chamava mais a atenção de quem entrava lá do que o trio de desformes ossadas negras de Jotuns, montadas de modo com que revelassem muito bem as assustadoras bestas as quais eles um dia pertenceram.
- Bem, estamos procurando por uma pequena runa com o símbolo de Nortglast cunhado no centro, sem ela não da para usar as Pedras para chegar lá. - falou Laurence contemplando o ambiente.
- O que te faz pensar que ela esta aqui? – perguntava Damião enquanto rapidamente tentava se lembrar qual seria esse tal símbolo enquanto vagava por um dos cantos do grande cômodo.
- É... hhumm – Parou para pensar um pouco antes de responder - Por que eu já vi Nacasiba guardando ela em uma caixinha nessa sala. Humm, olhe naquela escrivaninha, vou ver por aqui.
- Tudo bem... – concordou o rapaz um tanto quanto desconfiado pela reação do amigo. - Mas isso pode demorar horas!
- É. - Concordou um tanto quanto desencorajado o loiro estudioso.
Procuraram pelo local por cerca de um quarto de hora até que Laurence achou o objeto em uma caixa sob uma estante empoeirada ao fundo do local, bem como a sua memória havia lembrado. A lisa pedra possuía o simbolo rúnico de Norglast cunhado em azul escuro bem no seu centro. O desenho lembrava uma árvore bem simplificada com poucos traçados.
- Bem, devemos estar muito atrasados... vamos para as Pedras. - falou Damião sem muita noção de tempo.
- Espera, primeiro precisamos arrumar algumas coisas. Preciso pegar malas e dinheiro e ah... nos não podemos ir para lá só com essas roupas...
- É? Deixa eu adivinhar... nós morreremos congelados?
Em seus estudos Damião ficou sabendo que Noglast ficava na região mais gelada do mundo conhecido. Certamente, não seria nada parecido com o clima tropical daqui de Lyverith.
- Ahn.. Não... – Respondeu calmamente o jovem loiro, tomando um rápido fôlego antes de prosseguir - Tecnicamente o organismo dos Aesir permite que nós suportemos temperaturas baixíssimas sem sofrer muitos problemas de saúde, não vamos morrer congelados... mas não quero passar frio nem pegar uma gripe. – Completou sorrindo.
- Tudo bem, passamos nos nossos quartos primeiro ... – Damião também precisava pegar seus pertences afinal de contas.
Então os dois separaram-se rumando para os respectivos aposentos.
Capítulo 6 – Grandes Círculos - parte 2 Capítulo 6 – Grandes Círculos - parte 2
As Pedras Fundamentais eram a grande estrutura plana e circular que decorava os fundos da propriedade do "armazém", do lado de fora das muralhas. Um monólito antigo de rocha sólida que se erguia do chão consistia em um agrupamento de círculos cortados em pedra impressionantemente lisa, agrupados dentro de círculos e semicírculos cada vez maiores dentro de uma grande circunferência final. Quase todos os membros do Sedoc já se encontravam por lá com tochas ou lanternas a óleo iluminando a escura madrugada. Chegando no local Damião já caracterizado com suas vestes de “trabalho”, as mesmas que havia usado durante sua viagem com Angus, observava o movimento um agitado. Além dos armamentos presos a suas costas pela surrada bainha dupla de couro e das bugigangas que levava em sua mochila, vestia um grosso casaco de couro negro surrado, que era o melhor que podia fazer para se preparar para o frio da viagem.
Logo avistou vários dos seus conhecidos reunidos. Os ex-recrutas estavam conversando em um círculo num canto, as enfermeiras do Sedoc encontravam-se em outro grupinho adjacente a multidão. O rapaz viu Ranchel Yara entre elas com uma feição que transbordava preocupação, e imediatamente lembrou-se de “Vassan” e do que teria acontecido com o Capitão Gregório. Pensou em ir lá tentar reconfortá-la, mas antes disso olhou para multidão de gente do complexo que lá estava procurando por Laurence, praticamente todos os Aesir do complexo estavam lá cerca de setenta pessoas. Sem muito esforço logo identificou seu amigo que já estava um pouco mais a frente indo falar com Cásia Damon. Aproximou-se dele e disse que ia se despedir de umas pessoas, o sujeito loiro consentiu já que levaria um pouco de tempo para fazer os preparativos para a ponte funcionar.
Damião aproximou-se do grupo de enfermeiras com um andar de como quem não quer nada e falou para a jovem de aparência nativa enquanto algumas outras senhoritas já o olhavam desconfiadas:
- Rachel... – logo já se encontrava mais nervoso do que de costume.
A moça deu uma breve encarada no rapaz com seus olhos claros até o reconhecer, afinal, estava bem escuro.
- Ah, olá... Damiã... ah.. hhumm... Dami. Como você está? - perguntou tentando esconder sua feição preocupada por traz de um amigável sorriso.
- Nervoso – sorriu de volta – Pode conversar um segundo? Enquanto isso, todas as amigas de Rachel os observavam cochichando baixinho – Hhummm... em particular? - o rapaz completou.
- Ah, claro. - assentiu a moça, um tento sem jeito.
Os dois andaram alguns poucos paços até ficarem próximos de uma baixa arvore pouco distante da aglomeração de pessoas.
- Fui escolhido para escoltar a senhora Damon – mentiu.
- Humm – a jovem enfermeira olhava em volta observando as pessoas indo e vindo - Que coisa. Ontem era recruta, hoje sai por ai escoltando a nossa "embaixadora". – Brincou, tentando se distrair com essa espontânea conversa. - É... – suspirou o rapaz sentindo um certo frio na barriga após ter ouvido isso – Humm... Olha, Rachel, você está bem?
A jovem enfermeira o olhou nos olhos e logo seu sorriso desapareceu, desviou o olhar e recolheu os ombros. Inalou profundamente um pouco de ar e respondeu:
- Isso todo, é... muito triste Dami, sinto pena do Angus... e... não tenho nem o que dizer do mestre Nacasiba. - Voltou a olhar nos olhos do rapaz - Ah, sim estou bem. É... Muito gentil de sua parte perguntar... – falava sem muito ânimo - vou sobreviver. Ela sabia tanto quanto o rapaz que se Locke havia se disfarçado de um dos amigos de Gregório,era por um ardiloso motivo, e seu namorado certamente teria cruzado com a criatura também.
- Espero que Gregório esteja bem. - Completou o rapaz com sinceridade em seu bronzeado semblante iluminado pelas tochas próximas. - Rachel, quero que você fique bem. - completou colocando a mão no ombro da moça.
- Muito obrigado... Senhor Aerrierf, vou ficar bem. – Forçava mais uma vez um sorriso - Quero que se cuide nessa viagem.
Os dois se entreolharam por uma fração de segundos mas logo Rachel desviou o olhar mais uma vez. Por fim o rapaz falou um tanto inseguro:
- Obrigado. O silêncio voltou por alguns segundo, então o rapaz resolveu forçar a conversa a continuar: - Além do mais... É só levar a “embaixadora” para falar com os Líderes de Norglast não é? Que poderia dar errado? - Riu - Bem, como se já não estivéssemos no fundo do poço?
- Ah... vejamos... Norglast nos odeia... e... Bem, você pode pegar uma gripe! - Brincou ainda um tanto triste - É mesmo não é? Mas cuide-se. - Falou a simpática moça fazendo uma reverencia.
O rapaz a respondeu com uma reverência igualmente respeitosa. Mas logo em seguida estendeu a mão para um aperto, não gostava de reverências. A moça apertou sua mão áspera com sua macia mão coberta por suas luvas brancas.
Tendo se despedido, Damião lentamente virou-se e foi saindo para achar Laurence. Mas um tanto quanto relutante, voltou para falar com moça:
- Rachel... – com sua mão direita pescou o pingente do colar que carregava consigo e o retirou do pescoço.
- O que é isso? - Perguntou a moça sem entender o que o rapaz estava fazendo.
- Ahn... Eu... Quero que guarde isso para mim. Não... Não é um presente. Quando eu voltar pego de volta. – falou esticando a mão com o colar.
- Humm.. – Rachel pegou a peça pelo seu pingente de madeira e o olhou por alguns segundos. Era uma pequena peça de xadrez, um desgastado rei preto de madeira – Dami, o que...
- Não é nada de mais... é... ahn.. Só.. Uma idiotice minha. – sorriu sem graça – Humm, cuide bem dele! – Falou olhando para a peça na mão morena da enfermeira.
Ambos se entreolharam e antes que Rachel falasse mais alguma coisa o rapaz um tanto quanto vermelho acenou e saiu de volta a seu compromisso.
O pálido Laurence estava no centro da estrutura circular a limpar as lentes de seus óculos, junto com o Senhor Rhadimir Valentim, a senhora Cásia Damon e o senhor Gonzalo, o mestre engenheiro barbudo de voz trovejante que acompanhou Angus na viagem do outro dia, e Gabriel Damon.
Damião sentiu um asco do fundo de sua alma ao ver que junto com eles seu ex-colega de treinamento viajaria junto, já que vestia sua lustrosa armadura leve prateada e tinha uma grande mochila nas costas, muito embora já esperasse que fosse a ele quem a mãe chamaria para acompanhá-la na viagem.
- Bem, é simples. – falou Laurence - Vou precisar de uma runa de Carga para iniciar o mecanismo, feito isso os que vão viajar ficam junto de mim aqui no circulo interior. – reforçou o que falava dando um pisão na circunferência cunhada sobre onde se encontrava em pé - Quando as runas dos círculos posteriores forem se iluminando, quero que o senhor Gonzalo e o senhor Valentim instruam mais seis Aesir para usarem outras runas de carga para alimentar o mecanismo, ordem não é importante e sim que seja feito rápido para não faltar energia. Feito isso, a ponte se abrirá e nós sumiremos em um clarão. Não se preocupem o pior que pode acontecer é não gerarmos energia o suficiente e não sairmos do lugar. Não há risco algum... Bem, ninguém irá aparecer metade aqui e outra metade em Norglast – rui – Os Antigos sabiam o que estavam fazendo quando criaram essas coisas.
- Conheço o procedimento senhor Giovane, por favor, vamos logo com isso... – falou Cásia Damon em tom seco e impaciente.
A provisória “embaixadora” vestia um grosso casaco de pelos negros bem vistosos, mas totalmente desconfortável para aquela quente madrugada de verão.
- Aerrierf, venha para cá! - Ordenou no mesmo tom assim que viu o ex-recruta aproximando-se.
O rapaz apenas obedeceu e juntou-se a ela o filho e Laurence.
- Pois bem... Preparem-se... Vou começar! – falou Laurence enquanto arrumava os óculos por trás de suas lentes circulares encarando a senhora Damon com antipatia.
O jovem estudioso ergueu sua mão direita a altura do peito segurando firmemente uma pedra achatada do tamanho de uma laranja, uma das runas de Carga. Por lá ficou nesta posição por alguns segundos até que das pequenas gravuras cunhadas na runa era possível notar-se um diminuto brilho azulado surgindo. Logo esse brilho começou a ser perceptível nas gravuras do piso abaixo de seus pés, segundos depois, mais e mais destas pequenas gravuras começaram acenderem até que circulo interno da estrutura tronou-se iluminado por tais desenhos. Para muitos ali, aquilo era novidade, e observavam o acontecimento em volta da estrutura muito curiosos.
Como instruído o senhor Gonzalo organizou outros Aesir ao redor da grande estrutura, ele reproduziu o mesmo movimento de Laurence. Com isso o chão sob seus pés começou a iluminar-se da mesma forma. Após ele, mais seis membros experientes que estavam envolta do circulo reproduziram o movimento, fazendo mais seis círculos menores se iluminarem. A este ponto os que estavam sobre o círculo interior começaram a sentir algo mudando na atmosfera em vota deles.
Damião nunca tinha visto algo do tipo, a grande estrutura de pedra agora iluminada pelas complexas gravuras mostrava-se na verdade era uma imensa runa, a Ponte. O rapaz começou a sentir algo estranho no ar, os pelos de seus braços começaram a ficar em pé, mas não de frio, a energia que estava presente no mecanismo estava fazendo aquilo. Seu sangue começo a esquentar de maneira totalmente inacreditável, gerando um repentino desconforto e apreensão. Logo alguns estalos podiam ser ouvidos, diminutas faíscas começavam a surgir dos cortes que emanavam os feixes mais fortes de luz.
Laurence disse para todos:
- Bem, é agora! Prendam a respiração e tentem se equilibrar! – falou ofegante.
E com isso ele tirou a runa com o desenho de Nortglast e a inseriu em uma pequena cavidade bem no centro do circulo onde se encontravam, bem no centro de toda estrutura.
Após isso um grande clarão ofuscou a todos os presentes, forçando que fechassem os olhos ao mesmo tempo em que escutaram um estalo ensurdecedor como um trovão.
Cego pela luz e surdo pelo estrondoso som Damião sentiu seu corpo ser atravessado por uma forte corrente de energia, não sabia se estava caindo ou de pé, mas tentou de qualquer maneira segurar-se a o que ele não sabia. No segundo seguinte, sentia que algo estava diferente. Na verdade, muita coisa havia mudado ao seu redor em pouco menos que um piscar de olhos. Ainda estava de pé, mas seus olhos fechados ainda doíam da explosão luminosa, mas felizmente não sentia mais aquela estranha sensação. Sentia frio, muito frio. Sentia um vento gelado soprando contra sua face uivando ferozmente em seus ouvidos, sentia algo gélido chocando-se contra seu rosto juntamente com a ventania. O rapaz fez um breve esforço para abrir os olhos desnorteado, e logo viu o que se tratava aquilo que vinha junto com o vento, na verdade ele só sabia o que era por que havia lido a respeito em um livro a muito tempo atrás: Neve.
Capítulo 6 – Grandes Círculos - Fim.
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Post by moonlance on Feb 24, 2013 13:23:00 GMT -5
Em breve terminando de ler o Capítulo 3. Então farei uma crítica geral dos Capítulos 2 e 3. Já tem bastante coisas relevantes pra comentar.
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Post by JP Vilela on Mar 1, 2013 17:25:13 GMT -5
Estou no aguardo!
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Post by moonlance on Mar 1, 2013 22:28:29 GMT -5
Ok; vamos ver se consigo retrabalhar bem todas todas as idéias que eu tive naquele momento em que vislumbrei todo o conteúdo a criticar.
Desculpe, mas tive coisas urgentes pra resolver, e no final, o "em breve" não foi tão em breve assim! xD
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JOTUN:
Bem, a cena da batalha ou caçada ao Jotun é uma cena de ação bastante bem resolvida em sua essência, e é um desenlace a altura de toda as cenas pacatas que ocorriam antes; entretanto, as cenas de ação geralmente são as mais fáceis para muitos escritores -- inclusive os de fantasia; então, não é algo para se ficar muito satisfeito. xD
Nessa cena, as ações e o suspense estão bem construídos, mas acredito que há suposta confusão no posicionamento geográfico dos elementos da batalha: cheguei a visualizar que a balista estivesse disposta no topo do teto da taverna! Talvez o leitor seja o culpado por subir na construção para fugir do Jotun; xD mas o escritor nesse sentido também deve ser culpado por não ter utilizado uma forma literária mais técnica ou precisa para tentar descrever seus ambientes.
AINDA MOTIFS FRACOS
Inúmeras passagens que você integrou na história aparentemente carecem de um significado maior para a própria trama. Não é errado desenvolver cenas com pouco ou nenhum significado consistente para a trama, no entanto, se não forem muito bem desenvolvidas, qual a relevância deles no meio de um capítulo?
Nesse sentido, uma cena "bem desenvolvida" implica a clareza, profundidade ou sutileza do motif a ela associado; e isso remete a significado; e de preferência, um significado para a história e o personagem.
Um exemplo é o da cena do cachorro Brutus: é uma cena cotidiana; corriqueira evidentemente; existe a necessidade de ter um cão velho ali? Se sim, então por que apresentar a cena de uma forma totalmente desinteressada, dentro de um contexto geral da história de heróis-mercenários? De certo modo, talvez, você parece ter mudado o foco de ponto de vista: colocando o ponto de vista do cão sobre a história, e não o ponto de vista do Arrierft sobre a história. Deveria haver uma forma mais interessante de apresentar aquela situação do cão, e isso passar por saber: o que mostrar? o quanto mostrar? para que mostrar? Muitas cenas espalhadas pelos capítulos por sinal apresentam o mesmo tipo de problema: motif fraco.
Leva-se em conta também que, mostrar maior quantidade de eventos não significa mais pontos positivos numa história.
Apesar de ser uma história antiga, talvez tenha faltado maturidade adaptacional, para compreender o que realmente traria significado profundo no enredo e o que não traria; e maturidade também para retrabalhar mais profundamente essas cenas que, de outra forma, poderiam ser inclusive descartadas não ficando boas.
Na cena "de passagem" do padre, por outro lado, pequenos elementos trazidos no texto são responsáveis por grande imersão: na conversa com o padre, há uma pausa com barulho de crianças no fundo. Ainda que seja uma forma extremamente cliché (poderia ter encontrado algo mais sutil), ela provoca bastante sentido para uma cena; isso, além da tranquila conversa com o padre, sela o "reencontro do personagem com uma parte de seu passado"; esse motif está nítido. E porque você tem dificuldade de desenvolver melhor centenas de outros motifs de sua história, qualquer que seja a cena? Todas as cenas (logo, os motifs | motif é aquilo que o que a cena representa na trama) são importantes; Mas essa é minha opinião: de que toda cena deve ter um rico motif.
O QUE MOSTRAR? E O QUANTO?
Mais uma vez, penso que você desperdiça grandes ocasiões para descrever melhor a ambientação do mundo e de sua história.
A selva tropical, a natureza e as colinas, quando aparecem, mereceriam melhor descrição. Ora, todo mundo sabe o que é uma selva tropical; e logo, isso não interessa. Ledo engano! Pois, se todo mundo sabe o que é uma selva tropical, por outro lado, ninguém sabe o que é a SUA SELVA TROPICAL. Mas, se você não contar, você perde a chance de empurrar e mergulhar o leitor em seu universo.
TÍTULOS DE CAPÍTULOS
Capítulos 3 e 4 têm títulos realmente... audaciosos. Não, é exatamente o contrário disso. Chega a ser ridículo (de tão previsível)! xD
Até "Momento de Festa" seria mais feliz.
Mas eu não sei o motivo de suas escolhas; em todo caso, essas pareceram péssimas escolhas, bem desinspiradas. Mas dar nome a capítulos e mesmo a livros é uma arte por si, sabemos bem. Então, poderia aprofundar isso.
Um título deveria ser um convite de braços abertos à leitura! E não o oposto! xDD
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Bem, com isso, vou passar a leitura dos próximos (4, 5, 6) capítulos. Espero que essas críticas permitam refletir sobre a Fantasia de histórias.
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Post by JP Vilela on Mar 2, 2013 7:20:15 GMT -5
Ok; vamos ver se consigo retrabalhar bem todas todas as idéias que eu tive naquele momento em que vislumbrei todo o conteúdo a criticar. Desculpe, mas tive coisas urgentes pra resolver, e no final, o "em breve" não foi tão em breve assim! xD Está tudo bem moon, até por que eu estou sem muito tempo para me dedicar a história. E agora resolvi trabalhar encima dos pontos fracos que você já apontou, revisando mais uma vez os primeiros textos. ******************************************** JOTUN: Bem, a cena da batalha ou caçada ao Jotun é uma cena de ação bastante bem resolvida em sua essência, e é um desenlace a altura de toda as cenas pacatas que ocorriam antes; entretanto, as cenas de ação geralmente são as mais fáceis para muitos escritores -- inclusive os de fantasia; então, não é algo para se ficar muito satisfeito. xD Nessa cena, as ações e o suspense estão bem construídos, mas acredito que há suposta confusão no posicionamento geográfico dos elementos da batalha: cheguei a visualizar que a balista estivesse disposta no topo do teto da taverna! Talvez o leitor seja o culpado por subir na construção para fugir do Jotun; xD mas o escritor nesse sentido também deve ser culpado por não ter utilizado uma forma literária mais técnica ou precisa para tentar descrever seus ambientes. Mais uma vez, um deslize bem apontado. Cenas de ação são de fato mais fácies de se construir e descrever. São até empolgantes de se montar, uma pena que isso não seja algo tão complicado de fazer... então... seguindo enfrente... xD AINDA MOTIFS FRACOS Inúmeras passagens que você integrou na história aparentemente carecem de um significado maior para a própria trama. Não é errado desenvolver cenas com pouco ou nenhum significado consistente para a trama, no entanto, se não forem muito bem desenvolvidas, qual a relevância deles no meio de um capítulo? Nesse sentido, uma cena "bem desenvolvida" implica a clareza, profundidade ou sutileza do motif a ela associado; e isso remete a significado; e de preferência, um significado para a história e o personagem. Um exemplo é o da cena do cachorro Brutus: é uma cena cotidiana; corriqueira evidentemente; existe a necessidade de ter um cão velho ali? Se sim, então por que apresentar a cena de uma forma totalmente desinteressada, dentro de um contexto geral da história de heróis-mercenários? De certo modo, talvez, você parece ter mudado o foco de ponto de vista: colocando o ponto de vista do cão sobre a história, e não o ponto de vista do Arrierft sobre a história. Deveria haver uma forma mais interessante de apresentar aquela situação do cão, e isso passar por saber: o que mostrar? o quanto mostrar? para que mostrar? Muitas cenas espalhadas pelos capítulos por sinal apresentam o mesmo tipo de problema: motif fraco. E agora você vem falar sobre algo que eu desconhecia. xDD Motifs, vou pesquisar sobre isto. Sobre as cenas que você julga desnecessárias, vou procurar maneiras mais criativas de se apresentar novos personagens. Acho que esse foi o meu erro. Tentar criar estes tipos de encontros para os introduzir de maneira muito banal, como algo que realmente fizesse parte da rotina "mundana" dos personagens. Como fiz com Brutus, o cachorro vai voltar a aparecer em breve, fiz isso apenas para o introduzir. Hhumm.. xD Leva-se em conta também que, mostrar maior quantidade de eventos não significa mais pontos positivos numa história. Apesar de ser uma história antiga, talvez tenha faltado maturidade adaptacional, para compreender o que realmente traria significado profundo no enredo e o que não traria; e maturidade também para retrabalhar mais profundamente essas cenas que, de outra forma, poderiam ser inclusive descartadas não ficando boas. Na cena "de passagem" do padre, por outro lado, pequenos elementos trazidos no texto são responsáveis por grande imersão: na conversa com o padre, há uma pausa com barulho de crianças no fundo. Ainda que seja uma forma extremamente cliché (poderia ter encontrado algo mais sutil), ela provoca bastante sentido para uma cena; isso, além da tranquila conversa com o padre, sela o "reencontro do personagem com uma parte de seu passado"; esse motif está nítido. E porque você tem dificuldade de desenvolver melhor centenas de outros motifs de sua história, qualquer que seja a cena? Todas as cenas (logo, os motifs | motif é aquilo que o que a cena representa na trama) são importantes; Mas essa é minha opinião: de que toda cena deve ter um rico motif. O QUE MOSTRAR? E O QUANTO? Maturidade. Neste aspecto, o aspecto literário... é algo ainda não tenho. Espero melhorar. Mas isso é como o desenho. Se você não for um gênio, vai precisar de muitas tentativas, muitos erros, estudo e interesse para ficar bom não é mesmo? Vejo lendo os primeiros capítulos que cometia uns erros que atualmente são bastante visíveis e até gritantes, e tenho certeza que ainda deixo erros que daqui a um tempo é que serei capaz de identificar com clareza. Mais uma vez, penso que você desperdiça grandes ocasiões para descrever melhor a ambientação do mundo e de sua história. A selva tropical, a natureza e as colinas, quando aparecem, mereceriam melhor descrição. Ora, todo mundo sabe o que é uma selva tropical; e logo, isso não interessa. Ledo engano! Pois, se todo mundo sabe o que é uma selva tropical, por outro lado, ninguém sabe o que é a SUA SELVA TROPICAL. Mas, se você não contar, você perde a chance de empurrar e mergulhar o leitor em seu universo. Entendo, e concordo completamente. xD O que temo é me engajar muito na descrições de cenários e do universo e perder o foco. Cansar a leitura, deixar ela com um ritmo mais lento do que já o que já está. Huhumm, tenho certeza que há maneiras bem eficientes de se explorar estes aspectos, mas as desconheço, por hora. Tentarei algo diferente nas próximas oportunidades. TÍTULOS DE CAPÍTULOS Capítulos 3 e 4 têm títulos realmente... audaciosos. Não, é exatamente o contrário disso. Chega a ser ridículo (de tão previsível)! xDAté "Momento de Festa" seria mais feliz. Mas eu não sei o motivo de suas escolhas; em todo caso, essas pareceram péssimas escolhas, bem desinspiradas. Mas dar nome a capítulos e mesmo a livros é uma arte por si, sabemos bem. Então, poderia aprofundar isso. Um título deveria ser um convite de braços abertos à leitura! E não o oposto! xDD ******************************************* xDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDDD É, eu tentei algo ousado, pena que a ousadia acabou em algo bobo. Posso pensar em algo melhor, que talvez tenha o mesmo significado para mim e que não faça o leitor pensar: "Ah, então neste capítulo vai acontecer algo do tipo... deixa eu pular para o próximo logo... " Bem, com isso, vou passar a leitura dos próximos (4, 5, 6) capítulos. Espero que essas críticas permitam refletir sobre a Fantasia de histórias. Com certeza. Estão me fazendo repensar bastante os meus approaches... além disso, estão me dando gás para continuar, continuar da melhor maneira que consigo. Muito obrigado mesmo moon. Pelas várias dicas e também pela paciência. A minha dúvida agora é saber se crio um novo tópico com as versões revisadas ou se posto aqui mesmo. xDDDD
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