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Post by moonlance on Mar 2, 2013 14:09:12 GMT -5
Motifs, vou pesquisar sobre isto. Motif na verdade é um conceito um pouco mais complexo na análise de narrativas. E certamente a definição que eu dei aqui no tópico é bastante superficial e imprecisa. Obs: Não lembro como é a tradução em Português da palavra motif, por isso estou usando aqui o termo em Francês ou em Inglês que deixa as coisas claras pra mim. xD Em todo o caso, o mais importante é entender que, numa narrativa/história/enredo/trama/roteiro, o motif tem uma irmã gêmea, só que ocorrendo numa "dimensão paralela estrutural", que é a função. Não é possível entender o conceito de motif sem entender o conceito de função (por um lado função morfológica, de Vladimir Propp), e que é um conceito mais ou menos equivalente à função de Joseph Campbell. Hoje sabemos que são as funções que são responsáveis pela estruturação lógica dos acontecimentos de uma narrativa. E sem uma análise estrutural de uma narrativa, é impossível determinar-lhe a sequência de funções; embora seja possível determinar-lhe a sequência de motifs principais. Por exemplo, em termos de função, o motif "caça ao Jotun" poderia ser considerada como um DESAFIO básico para o herói; e se o herói sair vencedor, ele obterá uma RECOMPENSA (que é uma outra função), representada pelo motif "festa", e tudo o que isso representa (pagamento, titulação e etc.; ainda que aqui eu esteja simplificando o motif; aconteceram várias coisas, mas é tudo do mesmo em termos de função: RECOMPENSA). De maneira simplificada, com esses 2 eventos na história, analiticamente aconteceu APENAS isto: no plano dos MOTIFS: Caça ao Jotun ---> Festa no plano das FUNÇÕES: desafio básico ---> recompensa Além de diversas outras funções que podem ser observadas, todas as histórias geralmente apresentam desafios básicos ao herói, bem como recompensas depois dessas tarefas de 'level up' cumpridas; isso para fazer o PJ... ops, digo, o personagem, crescer para enfrentar depois um desafio ainda maior. São simples assim as histórias produzidas pela humanidade, quando vistas do ponto de vista analítico-estrutural. É por isso que Propp e Campbell foram gênios da compreensão da narrativa, eles iluminaram, na primeira metade do século XX, o que ninguém mais tinha visualizado: eles descobriram a FORMA das histórias; morfologia (estudo da forma). Na verdade, eu prefiro dizer que descobriram a ESTRUTURA (referente ao plano das funções), enquanto que a FORMA (referente ao plano dos motifs), já era conhecida por pesquisadores anteriores a eles se não me engano; só que não sabiam encontrar significado ou relação mais nítida juntando essa pilha de motifs de histórias do mundo inteiro ou de partes do mundo. Propp descobriu as funções estudando especificamente contos maravilhosos russos. Joseph Campbell estudando mitologias do mundo todo acredito. Depois deles, muitos outros pesquisadores fizeram a festa no mundo todo, utilizando as técnicas que esses autores desenvolveram, para analisar todo tipo de história e aprofundar seus estudos. Alan Dundes por exemplo começou a tentar aplicar a morfologia do conto russo, de Propp, para analisar narrativas folclóricas de índios norte-americanos. Mas um bom contador de histórias não precisa saber de nada disso. A contação de histórias é geralmente algo muito intuitivo. Sem nos darmos conta, repetimos as mesmas funções desde milhares de anos! E ainda assim conseguimos criar "novas" boas histórias. Sim porque elas são novas no plano dos motifs, mas talvez muito raramente no plano das funções. Eu recomendo essencialmente dar uma lida geral no wikipedia sobre tudo isso (motif, função, Vladimir Propp, Joseph Campbell, narrativa); depois, se se interessar pelo assunto a ponto de ler as obras daqueles pensadores e outros assuntos relacionados, isso é uma outra questão. xD
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Post by JP Vilela on Mar 27, 2013 11:23:51 GMT -5
Moon Obrigado pela explicação. o/ ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- Então, ainda mantendo o ritmo de tartaruga de 1,5 partes/mês, vamos a coisas novas, e possivelmente, carentes de revisão. xD Então, boa leitura. o/ ----------------------------------------- --- Rune - Capitulo 7 - Norglast - Parte 1*Notas:
Neste meio tempo, resolvi alterar o sobrenome de um personagem. Laurence Giovane, agora se chama Laurence Keltham
Mudei mais uma vez o ultimo sobrenome de Damião DeValence, agora é Damião DeValence Aerrierf Além do fortíssimo choque de temperatura, o rapaz notou que também não estava mais em uma escura madrugada, era dia e nevava com ventos fortes. Enquanto tentava recuperar totalmente os sentidos e desacelerar seu coração que havia desparrado, olhava com a visão ainda turva, mesmerizado com o que havia metros a sua frente; uma enorme muralha. Não uma simples muralha grande, mas sim um paredão mais alto do que qualquer outra construção que ele havia visto em toda sua vida. A enorme fortificação tinha duas ou três vesses o tamanho da velha torre do sino da igreja que costumava escalar incansavelmente quando era mais novo lá em Lyverith. Construído com enormes blocos de rocha escura o muro se estendia de um lado ao outro, tão largo que não era possível dali medir sua extensão. Decorado em várias torres ao topo com grandes estandartes azuis escuros com o desenho da arvore de Norglast em branco. Depois de visualizar aquela imponente construção Damião correu os olhos para o chão, percebendo que estava sobre uma grande estrutura circular rúnica, idêntica as Pedras Fundamentais do Sedoc. Olhando para o horizonte a sua direita, via montanhas altíssimas, elevando-se aos céus e cobertas de branca neve, as maiores que o rapaz havia visto em suas duas décadas de existência. - Ei, Dami? Tudo bem com você? O rapaz ouviu a voz de Laurence, vinda de trás das suas costas , logo se virou e viu o amigo juntamente com Cásia e Gabriel Damon, todos um tanto encolhidos pelo repentino frio cortante que os fazia tremer quase que descontroladamente. Estavam exatamente nos mesmos lugares de segundos atrás, quando ainda estavam na colônia, nos fundos da propriedade do velho Armazém, e do Sedoc.
Damião não podia deixar de notar, ali sob as Pedras Fundamentais de Norglast, que seu pequeno grupo localizava-se na beirada de um planalto, encurralados pelas imensas muralhas as suas costas e com um gigantesco e íngreme desnível a sua frente, o qual ele não conseguia calcular a profundidade muito bem donde estava. Mas logo percebeu algo a mais além do abismo que, assim como a neve incessantemente que caia, ele nunca havia visto antes, um mar ao horizonte, ou ao menos era isso que ele conseguia concluir, pois após um ponto, não podia-se ver nada além do céu branco. Uma vista impressionante para alguém que pouco saiu de sua cidade natal, que ficava a muitos e muitos dias de viagem de qualquer volume de agua que não fosse rios e pequenos lagos. - Claro que ele está senhor Kelthan. Está apenas... Embasbacado... Senhor Aerrierf, venha cá. - ordenou Cásia Damon. A tesoureira do Sedoc tinha que falar alguns tons acima de sua voz normal para poder ser bem ouvida naquela forte ventania. O rapaz obedeceu, aproximando-se da tesoureira enquanto fechava os botões que conseguia da frente de seu casaco. - Olhe. Vejo os guardas de Norglast se aproximando, e só vou falar isso uma vez, então preste atenção. - Diga... - falou Dami ainda perdido, fascinado pelo novo local. - Preste atenção! – ordenou o puxando pela manga de seu casaco de couro. - Estou prestando! – falou irritado o rapaz, agora a encarando de cara feia. - Aerrierf... Não esse seu sobrenome, não use esse. Sua família não é querida por aqui - falou a mulher bem baixinho, mais perto da orelha do rapaz. Ele apenas a olhou, agora se perguntando o que diabos isso significaria. Pelo visto ele não era o primeiro Aerrierf a pisar em neve. Virou-se para ver se o que a mulher falava era verdade, e de fato podia ver a distância cerca de meia-dúzia de pessoas saindo de um imenso portão da muralha. Damião voltou a encarar a sua superior: - Entendido - falou ainda um tanto quanto irritado, mas agora intrigado com essa declaração. - Ótimo - continuou Cásia agora aumentando o tom para algo mais imperativo e antipático - Então, senhor Kelthan, você está responsável pelo senhor DeValence - falou frisando o outro sobrenome do rapaz – Mas lembre-se eu estou no comando, serei eu, e apenas eu que falarei com os líderes daqui. Está claro? - Sim madame... - falou Laurence com indiferença. Gabriel Damon com as mãos enfiadas em seus bolsos apenas observava silenciosamente a conversa dos outros com sua mãe. Não demorou para que aquela meia dúzia de pessoas se aproximassem do quarteto de mensageiros do Sedoc. Eram soldados, dava para ver isso claramente nas roupagens, armaduras, espadas e escudos que carregavam. Todos bem trajados para aquele frio, cobertos por grossas peles, capuzes e toucas de espeça lã. Um deles tomou a iniciativa e aproximou-se do grupo: - Não houve notificação para o uso das Pedras Fundamentais. Identifiquem-se. – falou o senhor soldado, agressivamente fazendo o movimento de saque de sua espada. Este guarda falava em outra língua, o escáldio o idioma do local. Por conveniência, e também como um gesto de respeito, todos os Aesir eram instruídos a aprender a falar e escrever nesta linguagem. Um tributo ao povo de Norglast, os primeiros Aesir. - Somos do Sedoc – respondeu Cásia na língua do soldado, retirando lentamente de seu bolso sua peça de prata com a insígnia do complexo subterrâneo, a qual era sua identificação para com os outros Aesir, tanto do Sedoc, como de outras partes do mundo. A senhora Damon não via dificuldade em sequer ler, escrever ou falar o idioma local. Muitos dos documentos dos quais ela cuidava em seu ofício no Sedoc eram reportados para Norglast como relatórios, contas e outras variedades de papelada burocrática. Sendo assim, ela conseguiu praticar bastante até obter fluência, ainda mais auxiliada pelo seu falecido marido, natural desta terra gélida, que a ensinou grande parte das normas da língua. - Sedoc? Mas quem é você minha senhora? – Perguntou o soldado enquanto os outros relaxavam suas posturas e embainhavam suas espadas. - Sou Cásia Damon, tesoureira de lá. Esses são meus guarda-costas. Preciso falar com os seus superiores. - Uma contadora? – indagou o guarda a julgando com superioridade - Mas por que você veio aqui? Por que não alguém com mais credenciais? - Não está vendo? É uma emargência! O Sedoc foi atacado! – respondeu com impaciência.
- Como assim? - Preciso falar com os seus superiores! – Insistiu a senhora Damon. - Atacado pelo quê mulher? Inimigos? Os Vanir? Jotuns? – Esbravejou impaciente o guarda. - Locke! O Aesir Decadente, ele nos atacou! – desembuchou. O homem arregalou os olhos e encarou a senhora Damon por alguns segundos, engoliu seco e gesticulou para os seus colegas soldados retornarem para os portões. - Está bem, mas por não terem credenciais, vão ser escoltados durante toda sua estadia em Norglast. Entendido? - De acordo, mas vamos logo, estou congelando. - Então sigam-me, por favor. – falou com autoridade. Com isso o grupo de viajantes foi escoltado todo o caminho até os enormes portões da muralha. Lá, havia um guarnição com cerca de quinze homens mantendo guarda, todos notavam os estranhos se aproximando. Enquanto o grupo cruzava os portões, era possível ver algumas construções adiante, mas tudo estava apagado pela neve que caia. - Bem vindos a Norglast. – falava o soldado assim que cruzaram a grande muralha negra - Vocês podem ficar aqui neste quartel, entrarei em contato com o Capitão Krosac, o líder da guarda deste distrito.
- Krosac? – falou Cásia sem reconhecer o nome - Não podemos falar com Ragnar Stenblood?
O soldado parou e a fitou mais uma vez com superioridade, prosseguindo falou: - Caso a senhora não saiba... O General Ragnar está muito ocupado com a guerra que está sendo travada nas costas do sudeste. Acho que ele não está na cidade.
- Então certifique-se! Se o encontrar, diga que somos do Sedoc e que é urgente. – Interveio Damon.
IO O soldado o encarou de maneira nada amigavel.
- Hhumm, tratando-se de assuntos com relação ao Aesir Decadente, farei este esforço, se isso for verdade é claro. - Mas é claro que é verdade! Por que você acha que cruzamos a Ponte? – Intrometeu-se Dami, sem paciência. - Silêncio vocês dois! – Ordenou Cásia - Por favor, procure Ragnar - suplicava ao guarda. - Está bem, está bem...- este falava sem ânimo algum na voz.
E como proposto, o grupo ficou esperando no quartel, quase que como prisioneiros.
- Então... Láu, quem é Ragnar? – Perguntava Damião tentando puxar assunto.
O amigo o fitou balançando a cabeça negativamente.
- Ele é um dos dois Cavaleiros Rúnicos de Norglast. – falava enquanto esticava as mangas do casaco, encobrindo suas mão com frio - E pelo visto, agora é general de um exercito... Provavelmente ele é um dos poucos amigos do Sedoc por aqui. Ambos conversavam baixinho, em lihtez o idioma de sua terra natal. Estavam um tanto quanto incomodados pelos constantes e nada amigáveis olhares dos guardas daquele lugar. Já fazia alguns minutos e estavam sendo constantemente observados por aqueles sujeitos fortemente armados.
- Mas e o real líder dessa cidade? O Grão Meste daqui... o tal do Ivan... – Continuava Dami com as perguntas .
- Você sabe o quanto era difícil falar Nacasiba, em um lugar “pequeno” como o Sedoc. Agora imagina falar com o Grão Mestre de uma cidade estado como essa... Hhumm... digamos que Ragnar Stenblood é a melhor pessoa para atender nossas necessidades, já que ele é bem influente e tal...
- Hhummm...
O grupo esperou por horas, a temperatura devia ter baixado ainda mais, já que agora uma nevasca recaia sobre o teto do quartel. Eles se reuniram ao redor da lareira do local, era frio demais para pessoas que passaram a vida inteira em um lugar de clima tropical.
-Então. Emissários do Sedoc... meus homens me informaram que estão aqui em busca de ajuda. O que foi que Aconteceu?
Perguntou um sujeito que havia acabado de adentrar no local, trajava roupas mais vistosas que os brutamontes enlatados que ali mentiam guarda. Entrou acompanhado do soldado que havia recebido o quarteto horas atrás nas Pedras Fundamentais e mais seis soldados da guarda civil.
- Locke nos atacou. – falou Cásia, o encarando seriamente. - Ahn? – ria o sujeito.
- Ahn o que? É verdade.
- O Aesir decadente ressurge do esquecimento para fazer um atentado ao posto avançado tão pequeno quanto o seu? Lá do outro lado do oceano? O que ele ganharia com isso? – sorria parecendo ter ouvido uma piada. - Ele sequestrou nosso Grão Mestre seu tolo!
- Ah sim, o velho líder mascarado de vocês. – Falou, agora parecendo mais sério.
Então, é verdade? O mestre Nacasiba foi sequestrado? Esta frase foi proferida por uma voz grave e imponente voz masculina. Uma enorme figura adentrava o quartel general. - Ragnar! – falou Cásia, parecendo animada pela primeira vez naquele dia.
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Post by JP Vilela on Apr 19, 2013 12:59:05 GMT -5
Opa... me preparando para o update mensal. xD Até lá.
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Post by JP Vilela on Apr 20, 2013 21:31:47 GMT -5
Rune -Prólogo - Uma pequena pedra vermelha. (parte 1)Um novo dia estava começando. Era uma manhã nublada, o vento do mar soprava forte enquanto uma humilde carroça percorria um estreito caminho a beira de um precipício, com o oceano ao fundo da grande queda e uma íngreme parede de rochas negras que se erguia a esquerda do veículo limitavam a passagem. Sobre a carruagem, um calvo condutor olhava para o precipício a sua direita bastante apreensivo. Não era um início de manhã quente, mas ele suava como um porco, o estreito caminho era antigo, e sempre havia a eminência do chão desprender-se lançando sua carruagem no abismo.
- Que tipo de livro é esse meu senhor? - perguntava o sujeito de meia idade.
Até então não havia conversado com a pessoa a quem estava oferecendo transporte, não dês de que seus serviços foram contratados a cerca de uma hora, em sua pequena aldeia de pescadores. Precisava falar, pois estava muito nervoso por causa do precipício.
- É um livro de estórias para crianças. - respondeu calmamente o homem que sentava ao seu lado.
Um sujeito de cabelos negros muito lisos, porém mal arrumados e de corte irregular que até o momento lia calmamente a um pequeno livro de capa verde e páginas amareladas.
- Que tipo de estória? – inquiriu o transportador.
O sujeito de cabelos negros interrompeu sua leitura, abaixando o livro que estava na altura de seu rosto, encarando diretamente o condutor. O encarava apenas com um olho de iris escura como a noite, pois usava um tecido negro como tapa olho do lado direito da sua pálida face.
- Fala sobre um filhote de lobo. – respondeu, coçando com sua mão livre o queixo.
O condutor o olhou, e por um minuto, se mantéu em silêncio.
- E o que aconteceu com esse filhote? – falou o condutor sem muita reação.
O homem de tapa olho virou o rosto e vislumbrou o horizonte cinzento do mar agitado. Após uma pequena pausa, ele explicou:
- Os pais foram mortos por um homem. Ele teve pena do pequeno filhote e o levou para casa e o criou como um cão. – sua fala foi cortada por forte som de uma onda quebrando nas rochas bem abaixo - Foi ensinado a pastorear ovelhas, e a obedecer ordens. O tempo passou e o filhote cresceu. Um dia, ele viu que havia lobos caçando as ovelhas de seu dono. Ele alertou o dono, e juntos, eles saíram para caçar os lobos. Com facilidade, ele conseguiu rastrear os lobos até o ninho. Ele viu que o homem estava para matar os lobos, e que os lobos tinham um filhote no ninho – o sujeito de cabelo preto então parou, e seu olhar tornou-se contemplativo enquanto olhava para as nuvens negras a sua frente.
- ...E? – indagou o condutor, agora curioso.
O viajante de um olho só parecia ter se perdido em pensamentos, e um momento depois voltou para a conversa:
- Não sei o que vai acontecer depois. Você interrompeu a minha leitura. – respondeu, sem alterar muito sua expressão apática.
- Ah... Sinto muito senhor. Eu não...
- O que você acha que ia acontecer? – interrompeu, agora parecendo um tanto mais animado.
- Huhumm... Não sei, o lobo poderia se lembrar de quando o homem matou seus pais, e se vingar.
- O lobo também poderia proteger seu dono, afinal, ele foi quem o criou por todos esses anos...
- É verdade. Mas, meu senhor, que tipo de história para crianças é essa? É algo um tanto... denso não acha?
Perguntava enquanto puxava as rédeas dos animais um pouco para a direita. A carroça estava ficando perigosamente mais próxima da borda, e o vento apenas ganhando força.
- Não sei – suspirou - É um livro bem estranho, mas afinal de contas, é um livro de Clarenhall – admitiu o sujeito de tapa-olho com o que parecia um breve sorriso irônico.
Mas logo a expressão do voltou a tornar-se vazia.
- Meu senhor, me perdoe por ter o interrompido em sua leitura. Mas não pude evitar, fiquei curioso. Eu... Eu não sei ler.
O homem de tapa-olho voltou a encarar o condutor, por um breve momento o estudou, e logo com uma expressão caridosa falou.
- Isso é uma pena, meu amigo.
O condutor voltou sua atenção ao caminho estreito pelo qual percorria, após um momento de silêncio e mais um ataque de ansiedade, voltou a se comunicar:
- O senhor parece alguém bem inteligente - comentou despretensiosamente - Me diga, o que traz alguém que sabe ler a essa ilha triste? Logo vi que você é estrangeiro pelo seu sotaque.
- Meu sotaque... - sorriu - É verdade, sou um estrangeiro. Sou um... Empregado de alguém muito importante na minha terra natal. Estou aqui para cumprir um serviço.
Aquilo de alguma maneira soava bem convincente, mesmo não entendendo as reais pretensões daquele misterioso homem, o condutor tomou aquilo como verdade e seguiram caminho.
- Olhe só. Estamos quase onde o senhor queria. Mas, o trecho a seguir é muito acidentado. Terei de o levar até lá a pé.
Após ouvir as palavras do condutor, o sujeito observou o tortuoso e íngreme caminho que se destacava das formações rochosas daquele lugar.
- Não se preocupe. Aqui está ótimo. – falou dando um ágil santo da carruagem - Se possível, gostaria que você ficasse aqui e aguardasse o meu retorno. Tenho certeza que não demorarei mais de uma hora.
Sem pressa apalpou suas vestes e de dentro de sua capa negra de lã, emergiu a mão direita com uma sacola. Arremessou para o sujeito que havia o transportado. Este conseguiu agarrar a sacola ainda que todo desengonçado lá do acento da carroça. Quando o pequeno saco de tecido chocou-se com sua mão, o condutor ouviu o inconfundível som de moedas envoltas na bolsa. Abrindo um amarelado sorriso. O homem de um olho só continuou:
- Então poderemos retornar a sua vila.
- Muito justo meu senhor, o esperarei. – concordou alegremente, verificando o conteúdo da bolsinha. – Meu senhor – falava enquanto contava as moedas prateadas - por favor não demore. A qualquer momento essa tempestade vai nos atingir com toda a força...
Quando voltou sua atenção ao seu empregador, este havia subitamente desaparecido. Continua...
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Post by Dona Ursa on Apr 29, 2013 17:00:27 GMT -5
Li esse seu novo capitulo, mas preciso dizer que vc ainda está persistindo nos mesmos errinhos como "dês de".
Um sujeito de cabelos negros muito lisos, porém mal arrumados e de corte irregular que até o momento lia calmamente a um pequeno livro de capa verde e páginas amareladas. << Esta frase parece deslocada, acho q já falei disso a primeria vez.
Está bonitinho o cap, mas por enquanto não diz quase nada xD. Não sei do q mais falar kkk;
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